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Notícia

Entrevista com D. Jandyra Gonçalves da Silva sobre seu pai, Jésus Gonçalves: exemplo de superação


Prestes a completar 88 anos em 22 de maio, Jandyra Gonçalves da Silva é a única filha encarnada de Jésus Gonçalves, o ex-ateu que se converteu numa das mais reverenciadas figuras do movimento espírita do Brasil, e que deu título ao livro do historiador Eduardo Carvalho Monteiro, A Extraordinária Vida de Jésus Gonçalves.

Nascida em Itapetininga e moradora de Bauru, Jandyra conta que o pai nasceu em Borebi, a 12 de julho de 1902, filho de João Gonçalves e de Josepha Mendes. Quando a mãe dele desencarnou, Jésus tinha apenas 3 anos de idade. E como o pai era pobre e levava vida dura na roça precisou ser tutelado pelo tio Antonio Arruda, na cidade de Agudos, com o qual viveu parte de sua infância. Aos 14 anos, já morando em Borebi, trabalhou em serviço braçal em fazenda, até que, aos 17, mudou-se para Bauru, onde chegou a ser importante figura da sociedade local, trabalhando como tesoureiro da prefeitura.

Diagnosticado com hanseníase, porém, Jésus viu-se diante de um drama. Abandonado pelas pessoas que antes o assediavam, agarrou-se ao amor da família e ao Espiritismo para superar a dor e o sofrimento, num exemplo de resignação e fé. “Foi ingressando no Espiritismo que meu pai encontrou a paz”, resume Jandyra, nesta entrevista à Folha Espírita.
 
Folha Espírita – Como foi a vida de Jésus em Bauru?

Jandyra Gonçalves da Silva – Por ser criança e ter tido pouca convivência com ele, não me lembro de quase nada. O que sei é que, embora de origem humilde, foi bem-sucedido profissionalmente e chegou a ter um emprego importante na Prefeitura de Bauru, onde foi tesoureiro até se aposentar por causa da doença que o levaria para o Asilo-Colônia Aimorés.

FE – Deve ter sido muito sofrido para ele se ver diagnosticado com hanseníase, não?

Jandyra – Meu pai sofreu demais quando a doença foi descoberta, em plena juventude. Ele era muito bonito. No começo, revoltou-se, porque era pessoa muito benquista na sociedade, participava dos eventos e, de repente, a notícia desagradável mudou muito a situação. O preconceito, o medo, o desconhecimento da causa, tudo fazia com que as pessoas se afastassem de um doente naquelas condições.

FE – Ele não encontrou nenhuma solidariedade?

Jandyra – Da família, sim. E também do seu compadre João Martins Coube, do qual era amigo e que lhe queria muito bem. Quando foi constatada a doença, e na iminência de meu pai ir para o isolamento, ele lhe arrumou uma pequena chácara onde pudesse viver. Mas chegou um momento que não teve mais jeito e papai foi encaminhado para o asilo-colônia. As pessoas com hanseníase eram muito discriminadas e essa rejeição deixava meu pai muito triste.

FE – A senhora fazia visitas a ele?

Jandyra – Eu o visitei várias vezes. Recordo que existia um murão no local chamado de parlatório. De um lado ficavam os doentes; do outro, os visitantes. As pessoas não podiam se tocar, uma coisa muito triste. Eu cantava para papai, que ficava muito contente e chamava os amigos para me ouvir.

FE – As deformações no corpo de Jésus já apareciam quando estava no Aimorés?

Jandyra – Não, ali ele não tinha nenhuma deformação. Só em Pirapitingui, para onde foi transferido, é que as sequelas começaram a aparecer. A lesão no nariz deixou meu pai muito abatido, até revoltado, porque de uma pessoa bonita ele se viu transformado.

FE – Fale-nos um pouco de D. Anita na vida de Jésus Gonçalves.

Jandyra – Papai, que ficou viúvo de minha mãe, Theodomira, quando eu tinha 3 anos, conheceu e viveu com uma companheira muito especial, chamada Anita Vilela. Ela não era doente de hanseníase e foi sua companheira em Aimorés. A luta foi enorme junto às autoridades para que ela conseguisse a permissão para viver com ele num leprosário, sem ser leprosa. Ela mudou a vida dele, deu provas de seu amor e o levou para o Espiritismo.

FE – E o Espiritismo na vida dele?

Jandyra – Foi ingressando no Espiritismo que ele encontrou a paz e foi aceitando a doença com mais resignação. Embora ele ainda permanecesse triste e desapontado, já começava a enxergar o sofrimento de outra maneira.

FE – E como foi essa conversão de Jésus, que se dizia ateu, ao Espiritismo?

Jandyra – O acontecimento deu-se no dia do velório de Anita, em 1943. Uma pessoa presente transmitiu uma mensagem psicofônica dela ao meu pai, que a identificou pela forma carinhosa com que ela pedia para ele não mais duvidar da existência de Deus.

FE – E D. Ninita?

Jandyra – Ninita foi sua terceira mulher e alguém que o ajudou muito. Ela era portadora de hanseníase e foi sua companheira no asilo. Ninita conhecia o Espiritismo, era médium e foi quem muito ajudou meu pai a se firmar na Doutrina. Viveu ao lado dele até quando desencarnou.

FE – A senhora foi ao enterro dele?

Jandyra – Sim. Ele morava numa casinha nos fundos do centro espírita construído pelos adeptos da Doutrina, em Pirapitingui. Recebia muitas visitas, inclusive de caravanas que chegavam de todo o Brasil para visitar os doentes e para vê-lo, pois ele já se tornara um grande nome do Espiritismo.

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Segundo o espírito Jésus Gonçalves, em comunicação através de Chico Xavier, ele fora Alarico I, ao tempo dos Visigodos (
Alarico I, Rei dos Visigodos | Ilha de Peuce, atual Romênia, 375 - Cosenza, Itália, 410).





Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Ismael Gobbo | SP | In: Folha Espírita | Maio | 2012 | p. 12
07/05/2012
 


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