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Notícia

Mediumato e não mediunato


Prezados companheiros,

Há muito não entendia o porquê de verificarmos em várias obras espíritas o termo mediunato. Não conhecia esse conceito ou essa palavra. Sempre tive a “certeza” de que no caso de se tratar do mesmo tema a palavra ou o termo correto seria mediumato (com m e não com n).

Procurando na internet, e em muitas obras publicadas, verifiquei que tanto na mesma quanto na literatura espírita o mais usual é a versão mediunato (com n). E estou falando de obras de grande reconhecimento, quer seja por parte de seus autores, editoras, projetos, e demais instâncias que envolvem as publicações das obras espíritas. Fiquei totalmente surpreso!!!

Poder-se-ia então argumentar, mas que perda de tempo, tanto faz mediumato ou mediunato - “é tudo a mesma coisa”. O que significa apenas
trocar um n por um m? Deve se tratar, naturalmente, de um equívoco de digitação, ou outra razão qualquer, algo totalmente sem importância.
No final, o conceito ou a ideia é a mesma, todos querem transmitir o mesmo entendimento.

Amigos, penso que infelizmente não se trata disso!!!

Quero deixar bem claro o meu inteiro reconhecimento no que se refere à minha condição simplória, sobretudo, quando se considera o contexto, em que se apresentam tantos renomados e experimentados estudiosos, os mais abnegados e competentes pesquisadores da nossa querida Doutrina Espírita. Contudo, e não obstante a tal reconhecimento, venho na condição de simples iniciante defender a minha singela interpretação sobre o uso incorreto, digo, que julgo incorreto, dessa palavra, sobretudo, desse conceito. De acordo com o meu incipiente saber, é na obra O Livro dos Médiuns do insigne codificador de nossa Doutrina que encontramos o termo e o seu conceito pela primeira vez.

Vejamos... (grifos nossos)

MEDIUMATO

“(...) Deus me encarregou de desempenhar uma missão junto dos crentes a quem ele favorece com o mediumato. Quanto mais graça recebem eles do Altíssimo, mais perigos correm e tanto maiores são esses perigos, quando se originam dos favores mesmos que Deus lhes concede. As faculdades de que gozam os médiuns lhes granjeiam os elogios dos homens. As felicitações, as adulações, eis, para eles, o escolho. Rápido esquecem a anterior incapacidade que lhes devia estar sempre presente à lembrança. Fazem mais: o que só devem a Deus atribuem-no a seus próprios méritos. Que acontece então? Os bons espíritos os abandonam, eles se tornam joguete dos maus e ficam sem bússola para se guiarem. Quanto mais capazes se tornam, mais impelidos são a se atribuírem um mérito que lhes não pertence, até que Deus os puna, afinal, retirando-lhes uma faculdade que, desde então, somente fatal lhes pode ser. Nunca me cansarei de recomendar-vos que vos confieis ao vosso anjo guardião, para que vos ajude a estar sempre em guarda contra o vosso mais cruel inimigo, que é o orgulho. Lembrai-vos bem, vós que tendes a ventura de ser intérpretes dos Espíritos para os homens, de que severamente punidos sereis, porque  mais favorecidos fostes. Espero que esta comunicação produza frutos e desejo que ela possa ajudar os médiuns a se terem em guarda contra o escolho que os faria naufragar. Esse escolho, já o disse, é o orgulho. Joana d‘Arc

O Livro dos Médiuns – ou Guia dos médiuns e dos evocadores.
Tradução Guillon Ribeiro da 49ª. edição francesa. 60. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003
Capítulo XXXI – Dissertações Espíritas - Comunicação XII - p. 545 - 546



“ (...) Mediumato –– “Missão providencial dos médiuns. Essa palavra foi criada pelos Espíritos. (Veja-se o Capítulo XXXI, comunicação XII. (...)”

O Livro dos Médiuns – ou Guia dos médiuns e dos evocadores.
Tradução
Guillon Ribeiro da 49ª. edição francesa. 60. Ed. Rio de Janiro: FEB, 2003
Capítulo XXXII – Vocabulário Espírita - p. 577.


Agora vamos ao dicionário….

Significado de mandato (grifos nossos)

s.m. Autorização dada por uma pessoa a outra para agir em seu nome. / Missão, delegação. / Função, representação delegada pelo povo ou por uma classe de cidadãos. // Mandato imperativo, sistema de representação política pelo qual o eleito tem de pronunciar-se conforme as instruções recebidas de seus eleitores. (Nos Estados Unidos da América, os delegados eleitos para designar o presidente da República têm ordinariamente um mandato imperativo.) // Mandato legal, o que a lei confere designando a pessoa que o recebe para exercer a representação.

http://www.dicionariodoaurelio.com/Mandato

mandato man.da.tos (lat mandatu) 1 Autorização ou procuração que alguém confere a outrem para, em seu nome, praticar certos atos. 2 Delegação. 3 Poderes que os eleitos conferem aos deputados, senadores e vereadores para os representar. 4 Preceito ou ordem de superior para inferior. 5 Sentença ou decreto judicial. 6 Cerimônia do lava-pés. M. em causa própria, Dir: aquele em que o mandatário age com poderes para administrar certo negócio como coisa própria, auferindo todas as vantagens dele resultantes. M. imperativo: o que obriga a proceder de acordo com as suas prescrições. M. judicial, Dir: aquele em que a parte outorga a um advogado poderes (não especiais, como em certos atos) para o foro em geral ou para a sua defesa em determinada causa. M. judiciário, Dir: aquele, de caráter especial e poderes limitados, que a autoridade judiciária defere a alguém para que exerça cargo ou função meramente judicial.

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=mandato

Até aqui tudo certo… Então por que mediunato (com n)?

Procurando a resposta penso ter encontrado. É que na tradução do O Livro dos Médiuns do grande estudioso e pesquisador José Herculano Pires a tradução é feita desta forma: mediunato (n). E acredito que muitos estudiosos tenham se utilizado dessa fonte. O problema é que a terminação nato tem significado de natural, de natureza própria, inerente ao individuo, e não de mandato.

Vamos, então, mais uma vez, ao dicionário...

“ (...) nato  na.toadj (lat natu) 1 Nado, nascido. 2 Congênito, inerente, natural. (...)”

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=nato

“(...) 1. Nascido. 2. Congênito. 3. Natural. 4. Que ocupa um cargo por direito próprio. (...)”

http://www.dicionariodoaurelio.com/ - http://webdicionario.com/nato


Conferindo a tradução de José Herculano Pires - O Livro dos Médiuns...

“Deus me encarregou de sua missão que devo cumprir junto aos crentes favorecidos pelo mediunato. (2) (...)”

“ (...) (2) Mediunato é termo criado pelos Espíritos e quer dizer: missão mediúnica. (N. do T.) (...)”

O Livro dos Médiuns – ou Guia dos médiuns e dos doutrinadores.
Capítulo XXXI – Dissertações Espíritas
Tradução José Hereculano Pires – da 2ª. edição francesa, Paris, 1862 – LAKE  São Paulo –
23ª. Edição – outubro - 2004


“(...) Mediunato: missão providencial dos médiuns. Essa palavra foi criada pelos Espíritos. (Ver capítulo 31, comunicação XII). (...)”

O Livro dos Médiuns – ou, Guia dos médiuns e dos doutrinadores.
Tradução José Hereculano Pires – da 2ª. edição francesa, Paris, 1862 – LAKE  São Paulo – 23ª. Edição – outubro - 2004
Vocabulário Espírita – Capítulo - XXXII


E noutra obra do mesmo autor.... (grifos nossos)

“A terminologia espírita adotada por Kardec é simples e precisa. Mas no tocante às duas áreas fundamentais dos fenômenos de efeitos inteligentes e efeitos físicos, era necessário um acréscimo. Além dessa divisão fenomênica havia o problema da divisão funcional. Kardec notou a generalização da mediunidade e os espíritos o socorreram, como se vê no O Livro dos Médiuns, com uma especificação curiosa.Temos, assim, duas áreas de função mediúnica designadas como mediunidade generalizada e mediunato.”

Herculano Pires, José – Mediunidade – Capítulo II – Mediunidade Estática – pag. 9 – EDICEL - SP – 5ª. ed.


Temos então, acredito eu, que em razão dessa tradução, deste entendimento, visto muitos autores discursando sobre o conceito de mandato mediúnico como o ápice da mediunidade, espíritos que se não perfeitos, se apresentam encarnados em nosso orbe sem a possibilidade de equivocar-se ou de se perder na estrada de seus compromissos. E que me perdoem os nobres estudiosos, mas não foi isso que o espírito elevado e conhecido pelo nome de  Joana d‘Arc esclareceu!

Não vou citar aqui as obras e os autores que a meu ver estão equivocados. Não tenho essa autoridade intelectual, moral, ou mesmo a simples intenção de  fazê-lo. A nossa intenção é simplesmente trazer o assunto à reflexão para buscarmos o mais correto entendimento sobre as tantas e complexas questões que envolvem os nossos estudos.

Para terminar minha singela ponderação, que simplesmente escrevi na intimidade e nas limitações da minha sala e diretamente no meu computador, finalizo minhas considerações com o texto abaixo, até porque não considero o que penso, o que digo, algo de grande ou maior importância, palavra final ou coisa parecida...

Então, consultando o “pequeno francês”, o único continuador, esclarecedor e desenvolvedor, como real referência, de nossa querida Doutrina dos Espíritos, e mais conhecido simplesmente como Chico... Verificamos...

Mandato mediúnico (grifos nossos)

“(...) Pelo tempo de atividade na causa do bem e pelos sacrifícios a que se consagrou, Ambrosina recebeu do plano superior um mandato de serviço mediúnico, merecendo, por isso, a responsabilidade de mais íntima associação com o instrutor que lhe preside as tarefas. Havendo crescido em influência, viu-se assoberbada por solicitações de múltiplos matizes. Inspirando fé e esperança a quantos se lhe aproximam do sacerdócio de fraternidade e compreensão, é, naturalmente, assediada pelos mais desconcertantes apelos.(...)

“ (...) — Um mandato mediúnico reclama ordem, segurança, eficiência. Uma delegação de autoridade humana envolve concessão de recursos da
parte de quem a outorga. Não se pedirá cooperação sistemática do médium, sem oferecer-lhe as necessárias garantias.

“(...) — Ah! sim, semelhantes serviços não se efetuam sem programa. O acaso é uma palavra inventada pelos homens para disfarçar o menor
esforço. Gabriel e Ambrosina planejaram a experiência atual muito antes que ela se envolvesse nos densos fluidos da vida física. E por que dizer — continuei, lembrando ao assistente as suas próprias palavras — «quando o médium se destaca no serviço do bem recebe apoio de um amigo espiritual», se esse amigo espiritual e o médium já se encontram irmanados um ao outro desde muito tempo?
O instrutor fitou-me de frente e falou:
— Em qualquer cometimento, não seria lícito desvalorizar a liberdade de ação. Ambrosina comprometeu-se: isso, porém, não a impediria de cancelar o contrato de serviço, não obstante reconhecer-lhe a excelência e a magnitude. Poderia desejar imprimir novo rumo ao seu idealismo de mulher, embora adiando realizações sem as quais não se erguerá livremente do mundo. Os orientadores da Espiritualidade procuram companheiros, não escravos. O médium digno da missão do auxílio não é um animal subjugado à canga, mas sim um irmão da humanidade e um aspirante à sabedoria. Deve trabalhar e estudar por amor... É por isso que muitos começam a jornada e recuam. Livres para decidir quanto ao próprio destino, muitas vezes preferem estagiar com indesejáveis companhias, caindo em temíveis fascinações. Iniciam-se com entusiasmo na obra do bem, entretanto, em muitas circunstâncias dão ouvidos a elementos corruptores que os visitam pelas brechas da invigilância. E, assim, tropeçam e se estiram na cupidez, na preguiça, no personalismo destruidor ou na sexualidade delinqüente, transformando-se em joguetes dos adversários da luz, que lhes vampirizam as forças, aniquilando-lhes as melhores possibilidades. Isso é da experiência de todos os tempos e de todos os dias...
— Sim, sim... — concordei — mas não seria possível aos mentores espirituais a movimentação de medidas capazes de pôr cobro aos abusos, quando os abusos aparecem?
Meu interlocutor sorriu e obtemperou:
— Cada consciência marcha por si, apesar de serem numerosos os mestres do caminho. Devemos a nós mesmos a derrota ou a vitória. Almas e coletividades adquirem as experiências com que se redimem ou se elevam, ao preço do próprio esforço. O homem constrói, destrói e reconstrói destinos, como a humanidade faz e desfaz civilizações, buscando a melhor direção para responder aos chamamentos de Deus. É por isso que pesadas tribulações vagueiam no mundo, tais como a enfermidade e a aflição, a guerra e a decadência, despertando as almas para o discernimento justo. Cada qual vive no quadro das próprias conquistas ou dos próprios débitos. Assim considerando, vemos no planeta milhões de criaturas sob as teias da mediunidade torturante, milhares detendo possibilidades psíquicas apreciáveis, muitas tentando o desenvolvimento dos recursos dessa natureza e raras obtendo um mandato mediúnico para o trabalho da fraternidade e da luz. E, segundo reconhecemos, a mediunidade sublimada é serviço que devemos edificar, ainda que essa gloriosa aquisição nos custe muitos séculos.
— Mas ainda num mandato mediúnico o tarefeiro da condição de Dona Ambrosina pode cair?
— Como não? — acentuou o interlocutor — um mandato é uma delegação de poder obtida pelo crédito moral, sem ser um atestado de santificação. Com maiores ou menores responsabilidades, é imprescindível não esquecer nossas obrigações perante a Lei Divina, a fim de consolidar nossos títulos de merecimento na vida eterna.
E, com significativo tom de voz, acrescentou:
— Recordemos a palavra do Senhor: “muito se pedirá de quem muito recebeu”.
A conversação, à margem do serviço, oferecera-me suficiente material de meditação. (...)

Francisco Cândido Xavier - Nos Domínios da Mediunidade – Espírito André Luiz - Cap. 16 – Mandato mediúnico – p. 69

Antonio Luis Baronto

Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora
20/11/2012
 


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