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Notícia

Jorge (Tonho): “Ti Chico, conta para eles que você é o Kardec reencarnado!”


“Ti Chico, conta para eles que você é o Kardec reencarnado!”

Chico Xavier: “Cala a boca, Tonho!…”


No Grupo Espírita da Prece, o Chico sempre atendia a um amigo, o Tonho, que ia ao centro espírita às sextas-feiras e aos sábados; raramente faltava, permanecia até o fim. Quando terminava de atender, ele estava sempre próximo e o Chico dava para ele “qualquer coisa” em forma de socorro, e de vez em quando ele cantava para o Chico, principalmente se ele pedisse ao Tonho para cantar.

Numa dessas noites, não deveria ter mais de trinta pessoas naquele instante no final do atendimento, o Tonho se aproximou, como sempre, do seu amigo, o Chico, e lhe disse à queima-roupa: “Ti Chico, ti Chico, (era assim que ele tratava o Chico), conta para eles, conta, que você é o Kardec reencarnado, conta ti Chico...”

O Chico retrucou, de forma bem suave: “Cala a boca, Tonho, cala a boca, cala a boca!”

O Tonho residia no mesmo quintal de sua irmã, em uma casinha na forma de tapera, e anos depois desse fato ele veio a desencarnar, e sabe que quem veio buscá-lo? Foi nada menos do que Nosso Senhor Jesus Cristo! Eu estava presente, muito próximo do Chico e ouvi com nitidez”.

Relato de Oswaldo Cordeiro no seu livro “Chico Xavier - Pequenas histórias: um grande homem”.

 

Oswaldo Cordeiro, Chico Xavier e Adelino da Silveira

 

JORGE - UM RELATO EMOCIONANTE - A fantástica história de Jorge, o humilde cidadão, que quando desencarnou foi recebido no plano espiritual por Jesus de Nazaré.


 

Ao longo dos anos em que ia a Uberaba conheci muita gente. Gente boa, gente meio boa e gente menos boa. Algumas o tempo vai apagando lentamente, mas jamais terá força suficiente para apagar de minhas lembranças a figura encantadora que vocês vão passar a conhecer.

Numa daquelas madrugadas, quando as reuniões do Grupo Espírita da Prece se estendiam até ao amanhecer, vi-o pela primeira vez. Naquela filas quase intermináveis, que se formavam para a despedida ou para uma última palavrinha ainda que rápida com Chico, ele chamou-me a atenção pela alegria com que esperava a sua vez. Vinha com passos cansados, o andar trôpego, a fisionomia abatida, mas seus olhos brilhavam à medida que se aproximava do médium. Não raro, seu contentamento se traduzia em lágrimas serenas, mas copiosas. Trajes pobres, descalço, pés rachados, indicando que raramente teriam conhecido um par de sapatos. Calça azul, camisa verde, com muitos remendos; um paletó de casimira apertava-lhe o corpo franzino. Pele escura, cabelos enrolados, nos lábios uma ferida. Chamava-se Jorge. Creio que deve ter tomado poucos banhos durante toda a vida. Quando se aproximava, seu corpo magro, sofrido e mal alimentado exalava um odor desagradável. Em sua boca, alguns raros tocos de dentes, totalmente apodrecidos. Quando falava, seu hálito era quase insuportável. Ainda que alguém não quisesse, tinha um movimento instintivo de recuo. Quando se aproximava, tínhamos pressa em dar-lhe algum trocado para que ele fosse comprar pipoca, doce ou um refrigerante, a fim de que saísse logo de perto da gente.

Jorge morava com o irmão e a cunhada num bairro muito pobre - uma favela, quase um cortiço. Seu quarto era um pequeno cômodo anexado ao barraco do irmão. Algumas telhas, pedaços de tábuas, de plásticos, folhas de lata emolduravam o seu pequeno espaço. O irmão e a cunhada eram bóias-frias. Jorge ficava com as crianças. Fazia-lhes mingau, trocava-lhes os panos, assistia-os. Alma, assim, caridosa acredito que sofresse maus tratos. Muitas vezes o vi com marcas no rosto e, ainda hoje, fico pensando se aquela ferida permanente em seu lábio inferior não seria resultante de constantes pancadas. Pois o Chico conversava com ele, cinco, dez, vinte minutos. Nas primeiras vezes, pensava: "Meu Deus! Como é que o Chico pode perder tanto tempo com ele, quando tantas pessoas viajaram milhares de quilômetros e mal pegaram sua mão?!? Por que será que ele não diminui o tempo do Jorge para dar mais atenção aos outros?" Somente mais tarde fui entender que a única pessoa capaz de parar para ouvir o Jorge era ele.

 Em casa, o infeliz não tinha com quem conversar; na rua, ninguém lhe dava atenção. Quase todas as vezes em que lá estive, lá estava ele também. Assim, por alguns anos, habituei-me a ver aquele estranho personagem que, aos poucos, me foi cativando. Hoje, passados tantos anos, ao escrever estas linhas ainda choro. A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar, não é mesmo? Nunca ouvimos de sua boca qualquer palavra de queixa ou revolta.

 Seu diálogo com o paciente médium era comovente e enternecedor:

 - “Jorge, como vai a vida?”

- “Ah, Tio Chico, eu acho a vida uma beleza!”  

- “E a viagem, foi boa?”

- “Muito boa, Tio Chico! Eu vim olhando as flores que Deus plantou no caminho para nos alegrar!”

 - “Do que você mais gosta de olhar, Jorge?”

- “O azul do céu, Tio Chico! Às vezes penso que o Sinhô Jesus tá me espiando por detrás de uma nuvem!”

Depois o visitante falava da briga dos gatos, da goteira que molhou a cama, do passarinho que estava fazendo ninho no seu telhado. Quando pensava que tudo havia terminado, o dono da casa ainda dizia:

- “Agora, o nosso Jorge vai declamar alguns versos”.

Eu chegava até a me virar na cadeira, perguntando a mim mesmo: "Onde é que o Chico arruma tanta paciência?"

Jorge declamava um, dois, quatro versos.

- “Bem, Jorge, agora, para a nossa despedida, declame o verso que mais gosto.”

- “Qual, tio Chico?”

- “Aquele, da moça!”

- “Ah, Tio Chico! Já me lembrei. Já me lembrei!!!”

Naquelas horas, o centro continuava lotado. As pessoas se acotovelavam, formando um grande círculo em torno da mesa.

Jorge colocava, então, o colarinho da camisa para fora, abotoava o único botão de seu surrado paletó, colocava as mãos para trás, à semelhança de uma criança quando vai declamar na escola, ou perante uma autoridade, olhava para ver se o estavam observando e sapecava, inflado de orgulho:

- "Menina, penteia o cabelo. Joga as tranças para a cacunda. Queira Deus que não te leve de domingo pra segunda!"

Quando terminava, o riso era geral. Ele também sorria. Um sorriso solto e alegre, mas ainda assim doído, pois a parte inferior de seus grossos lábios se dilatava, fazendo sangrar a ferida. Aí ele se aproximava do médium, que lhe dava uma pequena ajuda em dinheiro. Em todos aqueles anos, nunca consegui ver quanto era. Depois colocava o dinheiro dentro de uma capanga, onde já havia guardado as pipocas, os doces, dando um nó na alça do pano. Para se despedir, ele não se abraçava ao Chico: ele se jogava, sim, todo por inteiro, em cima do Chico! Falava quase dentro do nariz do Chico e eu nunca o vi ter aquele recuo instintivo como eu tivera tantas vezes.

Beijava-lhe a mão, o qual também beijava a mão e a face dele, ao que ele retribuía, beijando os dois lados da face do Chico, onde ficavam manchas de sangue deixadas pela ferida aberta em seus lábios. Nunca vi o Chico se limpar na presença dele nem depois que ele se tivesse ido. Eu, muitas vezes, ao chegar à casa dele, molhava um pano e limpava o que passamos a chamar carinhosamente de "o beijo do Jorge..."

Não saberia dizer quantas vezes pensei em levar um presente àquele pobre irmão - uma camisa... um par de sapatos... uma blusa. Infelizmente, fui adiando e o tempo passando. Acabei por não lhe levar nada. Lembro-me disso com tristeza e as palavras do apóstolo Paulo se fazem mais fortes nos recessos de minha alma: "Façamos o bem, enquanto temos tempo". Enquanto temos tempo. De repente, fica tarde demais.

Jorge desencarnou. Desencarnou numa madrugada fria. Completamente só em seu quarto. Esquecido do mundo, esquecido de todos, mas não de Deus.

Contou-me o Chico que foi este nosso irmão de pele escura, cabelos enrolados, ferida nos lábios, pés rachados, mau cheiro e mau hálito que, ao desencarnar, Jesus Cristo veio pessoalmente buscar. Entrou naquele quarto de terra batida, retirou Jorge do corpo magro e sofrido, envolto em trapos imundos, aconchegou-o de encontro ao peito e voou com ele para o espaço, como se carregasse o mais querido dos seus irmãos!

"Eis que estarei convosco até o fim dos séculos."

"Não vos deixarei órfãos."

Ele não faria uma promessa que não pudesse cumprir.

Livro "Kardec prossegue" - Adelino da Silveira



Chico Xavier - Expositor: Adelino da Silveira - História do Jorge https://www.youtube.com/watch?v=Rfh...

 

CHICO XAVIER - PEQUENAS HISTÓRIAS: UM GRANDE HOMEM – OSWALDO CORDEIRO. Grupo de Ideal Espírita André Luiz, 2005, publicado depois pela LEEPP: www.leepplojavirtual.com.br/chico-xavier-pequenas-historias-um-grande-homem.html

 

 Esse livro simples e singelo não é mais uma obra sobre o Chico. Pelo contrário, trata-se de momentos de convivência trinta e três anos com o amigo querido, que faz parte de nós, da nossa vida. Você, que busca leituras edificantes ao mesmo tempo agradáveis, pela amenidade e pela originalidade, a fim de refazer-se dos constantes embates da vida, encontrará nas páginas desse repositório de vivência verdadeiramente cristã e humanitária de Francisco Cândido Xavier a leitura diária que talvez lhe falte. Eis que alguém – Oswaldo Cordeiro – que teve a ventura de desfrutar da abençoada amizade e convivência do humilde grande médium espírita por mais de três décadas, entre Mirassol e Uberaba, estará proporcionando a você estes renovados momentos de paz e alegria cristã ante a infinda construção do bem e do amor ao próximo, como legítimas metas da felicidade eterna.

 

Amigo, Chico, Adelino e Oswaldo

 Oswaldo nasceu em Marília, SP, conviveu durante 33 anos com Chico Xavier. Ambos se conheceram no dia 21 de julho de 1969, data em que Oswaldo viajou até Uberaba e foi recebido pelo médium no Centro Comunhão Espírita Cristã. Ia para Uberaba a cada 15 ou 21 dias para ficar à disposição dele, tudo por vontade própria. “Ter convivido com Chico Xavier foi como se eu tivesse ganho um diamante que ninguém tem na Terra”, relata Oswaldo. Depois Oswaldo morou em Mirassol, na região de São José do Rio Preto, onde presidiu o Instituto Espírita Gotas de Luz. “Oswaldo foi como um irmão do Chico Xavier”, disse a esposa Mariy Miyazaki.

 

Gentileza de Lázara Sousa, na foto com Chico, Adelino e amigo

 










Enviado por Geraldo Lemos Neto / Vinha de Luz Editora - Nuno Emanuel / SP (Artigo postado ipsis verbis) - Via Facebook
09/06/2016
 


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