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Psicopictografia de Cleide, pelo espírito Gibran - Fraternidade Cristã Francisco de Assis (Fecfas)

O JORNAL DA CIDADE BH preparou lançamentos, periódicos, com uma série de escritos sobre Barnabé, um dos primeiros trabalhadores que se agregaram integralmente à causa cristã. Confira todos os textos da coluna  assinada por Carlos Malab.

O MOMENTO DA PARTIDA DESTA VIDA PERTENCE A DEUS

-Irmão Barnabé venha depressa!

O pedido ressoou penetrante, como um chamado em tom de urgência.

Tratava-se da voz de Leah, responsável pelos enfermos mais graves cuidados em toda a instituição. Ela se encontrava ao lado de velho senhor Judeu que permanecia deitado em leito simples e envolto em alvo manto.

Isaías fora recolhido como assistido à meses. Tivera propriedades e recursos materiais, mas em idade avançada, com confusão mental e sem poder mais atuar no comercio, havia sido abandonado pelos familiares diretos, em quem confiava, mas que secretamente tramaram e agiram contra ele até que conseguiram tomar posse dos seus os bens. Vivia isolado, em triste penúria.

A doença da mente, o colocara definitivamente na casa, trazido por almas caridosas. Irmã Leah o atendia sempre com carinho. Conhecia-o dos tempos de abastança e poder material. Fora ajudada por ele e desenvolvera naturalmente, em retribuição, respeito e estima. Nunca se esquecera quando o agora prostrado senhor, lhe favorecera sem esperar retribuição, com o alimento e o leite imprescindível nos momentos difíceis.

Um traço das almas nobres é o agradecimento espontâneo, sincero, natural e amoroso.

Barnabé chegou rápido e um pouco ofegante. Havia levado um susto com o chamado incomum.

-Veja irmão, disse ela em um só ritmo, sem espaço para a respiração. O doente despertou, abriu os olhos e tenta falar algo. Como podemos fazer para a ajuda-lo?

Detentor de fé inabalável e confiança em Deus inquebrantável, ele mesmo assim, ficou emocionado. Estavam empenhados no auxilio ao pobre homem já a algum tempo e ver este resultado inesperado era uma dádiva. Se aproximando mais do leito comentou:

-Uma beleza Irmã, nosso querido finalmente desperta. Vamos pegar um pouco da agua da oração e dar-lhe de beber levemente.

Enquanto ela esforçava-se para o atendido sorver algo, Barnabé usou um lenço umedecido no precioso liquido para refresca-lo no rosto, pescoço e na região da garganta.

-Isto vai ajudar demais o nosso irmão.

Tudo foi feito com presteza e delicadeza. Notava-se que o contato com o liquido fazia-lhe enorme bem.

Na Igreja cristã de Antioquia, a pedido e orientação da direção, colocavam-se sempre jarros com agua junto aos púlpitos do estudo do evangelho de Jesus e de oração. Os integrantes dos cultos identificaram que esta forma de agir, trazia propriedades salutares à substancia. O seu uso beneficiava sobremaneira aos doentes. Era comum participantes trazerem ânforas de suas residências visando absorver ali energias especiais.

O fluido com propriedades especiais era considerado purificador como a agua lustral. Os frequentadores também lhe atribuíram o nome de agua da oração. Em certas ocasiões, o liquido transparecia características especiais como cheiro de flores e o aspecto leitoso. Em situações inesperadas e raras, na visão de alguns, elas brilhavam com luz suave.

Os orientadores da instituição, referiam-se ao fenômeno, como uma benção que os anjos do senhor distribuíam em abundancia. No entanto era necessário recebe-la pensando na saúde e guardando a fé no coração.

Isaías pronunciava palavras, em tom baixo e de forma esparsa. Aos poucos foi se fortalecendo e dizendo:

-Onde estou? Cheguei no céu?

-Calma, você não está no céu, esta conosco na casa de Jesus, disse Leah baixinho.

-Estou vendo minha mãezinha Noá, mas ela já morreu como isto é possível?

Barnabé entendendo o que se passava, se adiantou e disse:

-Sua mãezinha esta aqui! É uma beleza. É uma alegria. Ela é alma muito boa.

-Mas ela já morreu!

-Que isto irmão? Se lembra das lições recebidas quando nos conhecemos? A morte não existe ! A nossa caminhada na terra é passageira, a verdadeira vida é a do espirito.

Após segundos de silencio, vendo que o doente tentava entender completou:

-Sua mamãe veio lhe visitar ela é um anjo de luz.

Aquelas palavras, pronunciadas com carinho e ternura, traziam grande alivio ao enfermo. Notava-se sua respiração mais pausada e tranquila.

Barnabé e Leah sabiam perfeitamente o que ocorria. Já haviam acompanhado outros casos semelhantes, onde o moribundo via parentes que já haviam partido, prenunciando o seu desenlace definitivo do corpo físico.

-Onde estão meus filhos, dizia o ancião, porque não estão comigo? Terão eles me esquecido? Depois de tudo o que fiz por eles?

-Fique tranquilo, no tempo certo, vocês vão se encontrar. Você está se recuperando. É preciso guardar suas forças. Veja e escute a mensagem da sua mãezinha.

Seguindo o método usual de tratamento, a prestimosa colaboradora levantou-se e ficou ao lado do sofredor com os braços estendidos e com as mãos abertas direcionadas para o corpo dele.

Barnabé ao lado, assistia silencioso e orava. Lembrava-se dos pergaminhos dos ensinos de Jesus e de suas múltiplas curas. Meditava. Veio a sua mente, quase instantaneamente, o episodio contado por Pedro onde uma menina dada como morta havia sido curada. Era a demonstração da força magnética e curativa ensinada por Jesus que procuravam seguir usando as mãos em oração. (1)

O despertar de um enfermo, considerado irrecuperável, era sempre de admirar. Na maioria das vezes isto tornava-se rara oportunidade de reconciliação e entendimento da realidade do espírito.

Longos minutos se passaram e Isaías agora mais tranquilo dizia repetindo seguidamente e com lágrimas nos olhos:

-Sim, mamãe, agora entendo. Estou feliz com a sua visita. Prometo, não vou guardar magoa de ninguém.

Terminada a aplicação das mãos, verificaram a respiração de Isaías. Ela já estava mais espaçada. Ele a partir dai voltou a dormir em silencio completo.

-Irmã , vamos continuando orando pelo nosso amigo.

-Será que o irmão está próximo de partir deste mundo?

-Tudo indica que sim irmã, no entanto, o momento da partida desta vida pertence exclusivamente a Deus. Oremos.

Barnabé orou fervorosamente, a oração do Pai nosso, ensinada por Jesus, pedindo pelo acamado e todos os atendidos naquela casa de assistência.

Como o doente estava calmo e em repouso, ambos afastaram-se, deixando-o confortavelmente acomodado, na certeza de terem feito o máximo ao seu alcance no seu amparo.

De fato alguns dias depois, Isaías despedia-se da existência física, demonstrando pelo seu semblante que ia tranquilo e em Paz. Quando encontraram o seu corpo sem vida, notaram em sua face um leve sorriso. Oraram e agradeceram ao Pai pela ajuda recebida no trato do amigo, pediram emocionados que ele fosse recebido e iluminado pelos anjos do Senhor no seu momento de transição.
(1) Mateus 9:23-25