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Espiritualidade | Textos sobre Barnabé | É sempre tempo de corrigir os nossos erros


Psicopictografia de Cleide - Fraternidade Cristã Francisco de Assis (Fecfas)


O JORNAL DA CIDADE BH preparou lançamentos, periódicos, com uma série de escritos sobre Barnabé, um dos primeiros trabalhadores que se agregaram integralmente à causa cristã. Confira todos os textos da coluna sobre Barnabé assinada por Carlos Malab.

É sempre tempo de corrigir os nossos erros

-Não sei como dizer isto irmão, mas estou magoada com as atitudes de minha mãe e tenho até me cortado por causa disto todos os dias. Não consigo me controlar, veja as marcas no meu braço.

A jovem Leia frequentava a casa do caminho já a alguns meses. Foi trazida pela mãe quando estava em estado de depressão profunda, havia tentado tirar a própria vida em algumas ocasiões com instrumentos cortantes, fato que pela graça de Deus não se consumou devido a atuação rápida dos familiares.

Desde que começou a frequentar as reuniões de comentário dos ensinamentos de Jesus e a colaborar em algumas tarefas na casa, o seu rosto já havia mudado e podia-se notar o surgimento de até alguns sorrisos.

Barnabé ficou surpreso ao ouvir a afirmativa da jovem, viu de imediato que ela estava próxima de uma recaída. Sentiu a necessidade de intervir para o seu bem.

-O que se passa com você irmã Leia? Porque você está tão nervosa? Não tem tido a oportunidade de ver aqui que o infortúnio e a dor são vencidos pelo amparo ao próximo e a fé em Deus? Porque se machucar e aumentar os tormentos pelos quais você passa? A vida é uma graça do Pai para o nosso bem. Não busque a porta dos fundos para a saída da existência, porque a essência do espírito não termina com a morte física e aquele que tenta se aniquilar, buscando uma fuga, só encontra dor e desespero.

Barnabé parou de falar, aguardando que Leia explicasse o que lhe ocorria e fez um gesto para que ela se acomodasse, em um banco próximo, de forma a poder ficar mais a vontade para a conversa.

-Irmão, eu vivo um tempo difícil em minha casa, meu Irmão Joabe retornou ontem e pediu para voltar a morar conosco. Ele falou que vai se casar e precisa de um local para residir. Porque ele tem de voltar para a nossa habitação? Já tivemos muitas discussões e na ultima ele quase me bateu. Não sabe minha mãe que isto ocorreu? Porque ela abre as portas para o seu retorno? Eu não sei se vou suportar viver com ele novamente.

Leia estava com lágrimas nos olhos e nas extremidades de seus braços apareciam lanhos profundos de cicatrização recente.

-Minha Irmã, o nosso Mestre ensina que nós devemos agir com o próximo como gostaríamos que fossemos tratados (1). É comum nos nossos lares termos desavenças e desencontros, mas é também certo que os familiares são os mais próximos de nós e com quem devemos primeiramente cultivar o perdão e o amor. O que adianta querermos ser bons para os estranhos e cultivarmos rancores e ódios dentro de nossa residência intima? Seu irmão precisa de ajuda. Porque negar? Você já não pediu auxilio as sua mãe algumas vezes? Sabe como este sentimento seu se chama Irmã?
Como Leia permanecesse calada Barnabé continuou:

– Ele se chama egoísmo. É a raiz de todos os males. Ele enceguece nossos corações e mentes, dando o espaço para o surgimento do ciúme, vaidade, orgulho, raiva, ódio e tantos mais sentimentos destrutíveis que acabam conosco antes que percebamos.

A jovem demonstrava entender as palavras de Barnabé mas hesitava em adotar uma posição mental positiva.

-Auxilie o seu irmão no que você puder e estará ganhando paz e felicidade para a sua alma. Além do mais você pode estar supondo que eles vão demorar, mas pode ser que venham a sair logo. Quem sabe é uma solução temporária? Se for assim, logo ele estará buscando uma casa para a família que esta montando. Porque se desgastar então? Sofrer por antecedência? A sua mãe lhe ama e não deixará que nada de mal lhe aconteça. Já pensou que a sua futura cunhada pode ser uma pessoa que vai trazer alegria a sua casa? Ela pode dividir as tarefas e tornar a sua vida e da sua mãe mais agradável. Porque não conquista-la, sendo sua amiga e com isto fazer as pazes e reconquistar o seu irmão? Construímos no hoje a nossa felicidade do amanhã. Eu lhe peço mais uma vez, não se machuque pois isto não é solução para nada.

Leia mais tranquila, enxugou as lágrimas, agradeceu e já se preparava para sair quando chegou perto deles Tito, colaborador da casa, informando que Ilan estava muito agitado, pedindo a presença de Barnabé ao seu lado. Ilan era um doente grave que não apresentava melhoras a semanas.

Barnabé que já conhecia a história do enfermo e pressentia do que se tratava, viu que ali estava uma oportunidade para um aprendizado a Leia e aproveitando o momento, fez a ela um convite:

-Irmã Leia, se você tem um pouco de tempo, gostaria que fosse comigo até o leito de Ilan, você o conhece?

-Sim conheço irmão tenho muita pena do estado de saúde dele. Vou acompanha-lo. Sempre me sinto reconfortada com as suas palavras de instrução e consolo.

Depois de instantes, os dois chegaram ao recinto dos leitos masculinos onde haviam quatro camas simples, todas utilizadas por doentes em recuperação. A casa recebia alguns abandonados que em alguns casos ficavam presos ao leito, pelas mais diversas doenças, não tendo para onde ir. Ilan era o mais antigo dos atendidos e seu estado físico demonstrava grande abatimento. Todos os esforços feitos para sua melhora não tinham surtido efeito significativo.

-O que se passa meu Irmão? Como se sente? Você pediu para me chamar?

– Sim irmão Barnabé, estou sentindo que as minhas forças diminuem e a morte me ronda, gostaria do seu auxilio, preciso ver meu irmão Atílio antes de morrer. Até hoje não tive a coragem de encontrar com ele mas agora estou ansioso por vê-lo e lhe pedir perdão. Os ensinos desta casa mudaram o meu coração. Agora vejo o quanto errei. Só pensava em mim mesmo e em usufruir os prazeres que os fartos recursos me propiciavam. Dilapidei o patrimônio que a minha família me legou e por longo tempo me afastei. Quando a doença bateu em minha porta e o dinheiro acabou, fui abandonado por todos que comigo usufruíam da riqueza que passou como uma corrente de agua forte que cessa após a tempestade. Minha família não sabe que estou aqui porque fiquei com vergonha de avisa-los. Depois de tudo que fiz, o que eu poderia esperar?

-Não se desespere irmão Ilan, fico feliz que tenha tomado esta decisão. É sempre tempo de corrigir os nossos erros e refazer nossos caminhos. Jesus conhecendo nossos defeitos e limitações, nos ensinou a assumir uma atitude conciliadora com nosso adversário enquanto estamos com ele no caminho. (2)

-Irmão Barnabé, tenho ouvido suas lições com muita atenção. Não posso mais me esconder. Sou o criador de todas as desavenças e ódio. Quero pedir perdão antes de morrer.

-Fique tranquilo, nos vamos encontrar o seu irmão e convida-lo para estar aqui com você. Agora descanse. Estarei de volta em breve para podermos orarmos juntos.

Barnabé se retirou do recinto com Leia e a levou até a porta. Ela ficou em silencio e ao se despedir comentou:

-Irmão não sei como lhe agradecer, agora compreendo as suas palavras. Vou retornar a minha casa e procurar dar todo o apoio a minha mãe, meu irmão e minha futura cunhada.

Enquanto ela se afastava, Barnabé pensou na beleza dos ensinamentos de Jesus que abriam os corações mais difíceis, não pela palavra, mas pelas ações sinceras e reveladoras. Decidiu ir de imediato até a família de Ilan pois o seu estado de saúde denunciava que sua partida estava próxima. Depois de inteirar-se quanto ao possível endereço seguiu para lá sem demora.

Barnabé localizou alguns parentes de Ilan que viviam em Antioquia, sem muita dificuldade, mas somente o primo Rubem e sua esposa Leticia se propuseram a ir ter com o doente. Seu irmão não vivia na cidade e seus pais já haviam partido desta vida.

Rubem demonstrava ter bom coração e de imediato ofereceu-se para ir até o primo juntamente com sua mulher. Propunha a auxilia-lo no que estivesse ao seu alcance. Ilan ao vê-los chegarem, os reconheceu de imediato, chorando profundamente. Quando conseguiu se acalmar falou:

-Como Deus é bom primo ao me permitir vê-lo. Quero pedir perdão a toda a minha família por todos estes anos que desapareci. Eu fui amparado por esta casa de auxilio e agora compreendo o quanto errei. Tenho sonhado com minha mãe e pressinto que minha morte está próxima.

Rubem inteirou a Ilan sobre todos da família e assumiu o compromisso de levar a mensagem do infeliz primo a Atílio pedindo perdão por seus atos, comunicando que embora distante nunca o esquecera.

Naquela noite Ilan dormiu cedo, o sono veio profundo e tranquilo como nunca. Pela manha quando foram ao seu leito servir a alimentação matinal, notaram que ele não mais respirava. No seu rosto antes torturado pela dor, estava estampado, agora um leve sorriso daqueles que finalmente encontram a paz intima.

(1) Mateus 7:12
(2) Mateus 5:25

Carlos Malab – textos sobre Barnabé

Engenheiro, 61 anos, formado pela PUC-MG, com extensão no IEC e Fundação Don Cabral, o autor da coluna, foi Professor convidado no IBMEC, IEC, IETEC e PUC-MG. Possui vasta experiência em planejamento e implementação de tecnologias no Brasil, tendo trabalhado por um ano na Namíbia onde dirigiu a parte tecnológica da maior empresa de Telefonia Móvel Celular do pais. Atualmente reside em Belo Horizonte onde desenvolve atividades de consultoria. Tem se dedicado a estudos, pesquisas sobre o Evangelho e questões espirituais. Espírita Cristão, Atualmente integra os quadros do Portal Saber Espiritismo, do Grupo Mediúnico Maria de Nazaré e do Grupo Espírita Saber Amar de Belo Horizonte.  É palestrante e autor dos livros Telefonia Móvel de Forma Simples e Prática (Clube de Autores) e Era Uma Vez Para Sempre (Editora Vinha de Luz).

E mail: cmalab@gmail.com






Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Artigo postado "ipsis verbis" | In: https://www.jornaldacidadebh.com.br/sociedade/espiritualidade-textos-sobre-barnabe-13/
23/07/2020
 


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