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Berthe Fropo foi uma das vidas da Dra. Marlene Nobre? |
 No túmulo de Allan Kardec em Paris, Dra. Marlene Nobre ladeada por Weimar Muniz de Oliveira, Antônio Roberto Fontana,Geraldo Lemos Neto, Ivanir Severino da Silva, Jussara Vieria Malab, Carlos Malab e outros amigos, por ocasião do Congresso Espírita Internacional comemorativo do Bi-centenário de Allan Kardec em Abril de 2004. Chico Xavier havia desencarnado em 30 de julho de 2002. Os amigos de Chico Xavier reunidos em Uberaba durante o Confraternar estavam saudosos de sua presença orientadora e amiga. Sentíamos muito, todos nós, a falta que o abnegado amigo fazia, não somente em nossas vidas e tarefas, bem como também no próprio movimento espírita que parecia relegar-lhe a memória ao esquecimento. Verificávamos que as páginas dos jornais e periódicos espíritas de norte a sul do país não mais lhe destacavam as mensagens psicografadas. Raramente mencionavam-lhe a trajetória de vida e o nome. Ao contrário, outros médiuns de menor estatura moral e reputação duvidosa estavam lhe tomando o espaço tão duramente conquistado por 92 anos de vida exemplar e 75 anos de renúncia absoluta em favor da divulgação da mensagem espírita cristã.  Chico Xavier na década de 50 em Pedro Leopoldo, arquivo da Casa de Chico Xavier. Foi neste estado de ânimo que o amigo Carlos Baccelli foi inspirado e surgiu com a ideia de realizarmos anualmente, um encontro espírita patrocinado pelos amigos de Chico Xavier, aqueles que realmente conviviam com ele em suas tarefas e na intimidade de seu lar, nos moldes que Chico Xavier em sua vida de exemplos sempre demonstrara na prática cotidiana, isto é, gratuitamente, sem a cobrança indevida de taxas de inscrição ou pedágios monetários para os participantes, sem elitismo ou barreiras à participação de quem quer que fosse. Um Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra cujo único e exclusivo objetivo fosse destacar-lhe a vida de imorredouros testemunhos e a obra extraordinária que de suas mãos foram materializadas através de centenas de livros de Luz, Amor e Caridade.  Chico Xavier em Uberaba na década de 70, arquivo da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo. Nascida e frutificada a ideia, os amigos foram unidos neste desiderato e a partir de 2008 em Uberaba inaugurou-se a realização desses encontros anuais nacionais, e neste ano de 2020 vamos ter a sua 13º edição nacional itinerante, na cidade de Torres - Rio Grande do Sul, em finais de Outubro e início de Novembro. De 2008 para cá já realizamos também o 1º Encontro Internacional na cidade de Lisboa - Portugal - em 2015, e vários encontros regionais. Neste ano de 2020 teremos também mais 3 encontros regionais, em Abril na cidade paulista de Araçatuba, em Maio na cidade de Sinop, Mato Grosso e em Agosto na capital catarinense, Florianópolis.  Dra. Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto em programa televisivo de 2011. Reunidos os amigos de Chico Xavier escolhemos para a abertura em 2008 a palavra abalizada e lúcida da Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, carinhosamente lembrada por todos como Dra. Marlene, amiga de Chico Xavier desde os tempos da década de 50/60 em Pedro Leopoldo e Uberaba, esta última cidade onde cursou Medicina e sagrou-se médica. Dra. Marlene nasceu em família espírita no interior de São Paulo e foi trabalhadora incansável do Grupo Espírita Cairbar Schutel de São Paulo, fundadora, junto do esposo Deputado Freitas Nobre, da Folha Espírita de São Paulo, da Associação Médico Espírita de São Paulo, da Associação Médico Espírita do Brasil e também de sua versão Intenacional. Inspirada por Dr. Bezerra de Menezes e pelo espírito de Cairbar Schutell foi a pioneira em lançar o paradigma médico espírita com base nas informações das antecipações científicas do espírito de André Luiz pela mediunidade única de Chico Xavier.  Freitas e Marlene Nobre secundando Chico Xavier em psicografia na cidade de São Paulo.  Freitas e Marlene Nobre secundando Chico Xavier em psicografia na cidade de São Paulo. Baseada em sua longa convivência com Chico Xavier em Uberaba e em São Paulo Dra.Marlene também jamais se esquivou ao testemunho de que temos de fato em Chico Xavier a reencarnação do codificador da Doutrina dos Espíritos, Allan Kardec, ou o Professor Hippolyte Leon Denizard Rivail. Por conta desta corajosa defesa da tese Chico/Kardec sofreu, assim como todos nós, todo tipo de ataque torpe e desconsideração vil por parte de setores do movimento espírita brasileiro desconectados com esta realidade espiritual, que ainda hoje teimam em não enxergar esta verdade cristalina de Chico Xavier ser Allan Kardec reencarnado. Recebendo-a em meu apartamento de Belo Horizonte, durante o ano de 2007, logo após o almoço, ficamos Dra. Marlene e eu até altas horas da noite conversando sobre os velhos tempos de convívio e amizade com Chico Xavier, saudosos de sua presença física.  Freitas e Marlene Nobre secundando Chico Xavier em psicografia na cidade de São Paulo. Naturalmente que nada faltou nessa conversa franca e sincera, entre nós ambos, amigos leais ao Chico, recordando-lhe a luta e os sofrimentos que a desconsideração de espíritas conhecidos lhe haviam imposto durante toda a sua profícua existência. Igualmente não escapou à nossa conversa os incontáveis indícios, as inúmeras dicas e as variáveis provas que colecionamos na convivência da intimidade de Chico Xavier, ao longo da vida, da certeza de que ele era de fato a reencarnação de Allan Kardec. Não nos faltou também a troca de experiências sobre as perseguições e os ataques que sofremos por declarar esta realidade. Dra. Marlene então fez menção a um dos ataques que ela vinha sofrendo. Segundo ela, espíritas ilustres, de gabinete, haviam espalhado a calúnia de que ela defendia que Chico era Kardec apenas para se colocar, ela própria, como a reencarnação da esposa do codificador Madame Amélie Gabrielle Boudet, não obstante ter sempre negado veementemente esta falaciosa trica do farisaísmo espírita.  Amélie Gabrielle Boudet, Madame Kardec já idosa em França. Foi então que lhe mostrei uma mensagem psicografada por mim, no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade de Belo Horizonte, recebida no dia 16 de Abril de 2007, do espírito de Amélie Gabrielle Boudet, justamente em comemoração aos 150 Anos da Doutrina dos Espíritos com o lançamento em Paris a 18 de Abril de 1857 de O Livro dos Espíritos por Allan Kardec. Dra. Marlene leu a mensagem emocionada. Imediatamente pediu-nos uma cópia e a autorização para publicá-la na Folha Espírita de São Paulo, na edição especial comemorativa do sesquicentenário do Espiritismo. ( ide em Abril de 2017 : https://pt.calameo.com/read/000143697565920aac665) E ela me disse : "Faço questão de publicar esta mensagem na Folha Espírita, Geraldinho, é o "cala boca" que este pessoal precisa receber, de minha parte, para encerrar essa fofoca espírita boba. Nunca afirmei ter sido Madame Kardec, isto é pura invenção dos que combatem a tese de Chico ser Kardec para nos desmoralizar!" Eis a mensagem: As Comemorações do Sesquicentenário Filhos amados da Doutrina dos Espíritos, Que a paz do Cristo esteja em vossos corações! Há muito desejava vos dirigir uma palavra amiga e folgo com a oportunidade que ora se apresenta. Desde o final do mês de março passado uma indefinível atmosfera de paz e alegria vos envolve na face da terra, refletindo o júbilo sincero das falanges redimidas que se aproximam das faixas de matéria mais densa do orbe terrestre. Um grande sentimento de amor vos abençoa, proveniente do coração dos justos e das mentes iluminadas de sabedoria e amor dos que porfiaram neste mundo pela implantação da Boa Nova do Reino de Deus aos homens de boa vontade. As clarinadas celestiais já vos tocam as fibras sensibilíssimas da alma, cantando hosanas maviosas ao Divino Mestre Jesus, pela benção de seu compassivo espírito. Louvado sejas, Senhor Jesus, pelos 150 anos do advento do Consolador que nos prometeste enviar. Quantas consolações! Quantas almas sobrecarregadas e aflitas aliviadas! Quantos esclarecimentos! Quantos ensinos iluminando consciências! Quantas bênçãos de amor e luz neste último século e meio de Espiritismo! As suas chaves magníficas nos abriram a porta da verdade e eis que o Teu chamado nos convoca outra vez ao caminho da redenção rumo acima. As falanges espirituais do Infinito rendem glória a Deus nas alturas, tocando os espíritos de boa vontade às mais justas comemorações. Aproximam-se, delicadamente, transfundindo-nos forças novas para a implantação definitiva do Reino da Paz e da Justiça, do Amor e do Progresso na face da terra. Em todos os pontos do mundo e, em particular, no coração da Pátria do Evangelho, os amigos da Vida Mais Alta se congregam. Desde 30 de março descem os mensageiros celestiais abençoando em nome do Cristo, tarefas e serviços, lançamentos e reuniões de cunho espírita, nos quatro cantos da pátria brasileira. Relembraram a desencarnação do codificador em 31 de março. Registraram o nascimento de Chico Xavier em 02 de abril. E se preparam agora para a grande reunião dos servidores de Jesus nas faixas mais altas da vida planetária a realizar-se na próxima noite de quarta-feira, em 18 de abril de 2007. O júbilo de todos se reportará ao memorável dia 18 de abril de 1857 quando, no Palais Royal, fora lançado na cidade de Paris a primeira edição de "O Livro dos Espíritos". Considerado por todos nós, os amigos da espiritualidade, como o "Livro da Vida" saibamos dignificá-lo com o estudo nobre e sadio a nos descerrar os pórticos do entendimento superior. Irmãos, é chegado o momento de teste de vossa compreensão com Jesus, nas interpretações da Doutrina dos Espíritos. Tive a extrema alegria de oferecer ao espírito do codificador, o inesquecível Professor Rivail, a singela colaboração de minha desvalia, uma vez que, mercê de Deus, acompanho-lhe a trajetória nos milênios imemoriais. Se Deus o permitir, a partir da semana próxima, estarei comentando alguns aspectos da trajetória luminosa deste Espírito de Escol a quem tanto devemos. Enquanto isto, de espírito genuflexo de reconhecimento e gratidão ao venerável Discípulo do Senhor, repetiremos de alma e coração: "Ave Kardec! Nas luzes do infinito!" Amélie-Gabrielle Boudet (Mensagem psicografada em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade na noite de 16 de abril de 2007 por Geraldo Lemos Neto.)  Quadro a óleo que Dra. Marlene levou para o Congresso Internacional Espírita realizado em Paris por ocasião do Bi-centenário de Allan Kardec em 2004, contendo o casal Rivail. Pois bem, continuando o fio de nossa narrativa, naquela memorável tarde/noite em Belo Horizonte, Dra. Marlene nos contou o episódio em que estando visitando o Grupo Espírita da Prece e Chico Xavier em Uberaba, nos momentos finais da reunião de psicografia do Chico, quando Chico atendia e abraçava o pessoal da fila, eis que virando-se para ele, ao invés de enxergar Chico Xavier, ela enxergou com grande nitidez a figura inesquecível de Allan Kardec, e, surpresa exclamou, em alto e bom som para quem ali estivesse a ouvir : "Professor Rivail!" A partir dai nossa tertúlia enveredou pelo passado e Dra. Marlene nos contou que Chico Xavier lhe havia revelado ter sido ela e o esposo, Deputado Freitas Nobre, em vida passada, muito amigos do casal Rivail, Allan Kardec e Madame Boudet, havendo privado da intimidade de sua residência em Paris, junto também da família de Gabriel Delanne e outros amigos espíritas amigos do casal. Assim também contou-me Dra. Marlene que conhecera de perto a ação nefasta de Pierre Gaetan Leymarie, que, segundo revelações de Chico Xavier a nós ambos, havia desviado o Espiritismo, após a desencarnação do Codificador, preocupado muito mais com questões monetárias e arrecadações de fundos, para acabar entregando as casas espíritas francesas e belgas ao domínio do Teosofismo de Madame Blavatsky e do Roustanguismo de J.B. Roustaing, conspurcando-lhe por fim os Divinos Fundamentos, o que culminou com as fraudes fotográficas de espíritos desencarnados. Acusado como charlatão pela polícia francesa, Leymarie foi devidamente processado, condenado e preso, vindo a desencarnar no início do século 20, depois de sair da prisão, com a pecha de "Coveiro do Espiritismo na França", uma vez que os franceses, depois de virem o sucessor do Professor Rivail nesta situação, jogaram por terra, na vala comum, todo o esforço hercúleo de Kardec nos seus 15 anos de exaustivos trabalhos codificadores de nossa amada Doutrina dos Espíritos.  Deputado Freitas Nobre, Chico Xavier e Dra. Marlene Nobre em São Paulo na década de 60. Perguntei a ela se ela sabia o nome que envergava naquela encarnação passada, e ela disse-me que não, mas que sabia que privara da convivência íntima do casal Rivail sendo amiga íntima de Madame Boudet, e que Chico lhe dissera que havia denunciado Leymarie e seus desvios perante os espíritas da época.  Chico Xavier cumprimentando o Deputado Freitas Nobre com a Dra. Marlene Nobre sorridente ao seu lado em São Paulo na década de 70. Naquela ocasião, em 2007, sinceramente não sabíamos, nem eu, e creio mesmo que nem a Dra. Marlene, que o seu nome de amiga íntima dos Rivail era Berthe Fropo. Isto porquê as pesquisas históricas que enfocam os primeiros tempos do Espiritismo pós-Kardec somente vieram à tona, com a descoberta de documentos, cartas, atas, fotografias e arquivos originais, muito mais tarde, de 2015 em diante, com os trabalhos desenvolvidos a partir de então pelos pesquisadores Adriano Calsone ( Em Nome de Kardec / Madame Kardec : A história que o tempo quase apagou, todos os dois da Vivaluz Editora ); Simoni Privato Goidanich ( O Legado de Allan Kardec, Edições USE-SP ) e Paulo Henrique Figueiredo ( Mesmer / Revolução Espírita - A teoria esquecida de Allan Kardec, Editora MAAT / Autonomia : A História Jamais Contada do Espiritismo, Editora Feal ), e pela pesquisa de Charles Kempf então integrante do movimento espírita francês. Ao ler o último livro de Adriano Calsone, "Madame Kardec : A história que o tempo quase apagou", Viva Luz Editora, e após entrevistá-lo em nosso Portal Saber Espiritismo para o Videocast que foi ao ar no Portal Saber Espiritismo em 27 de Março de 2017, (https://www.saberespiritismo.com/2017/03/), verificamos que em dado momento, no auge dos desvios perpetrados por Leymarie afetando a Sociedade Espírita de Paris, a Bliblioteca Espírita de Paris, e a Revista Espírita, com repercussões negativas na sensibilidade de Madame Boudet, viúva de Kardec, o espírito de Allan Kardec, através de um médium desconhecido do interior da França se dirige à Madame Berthe Fropo, conclamando-a a persistir no trabalho de divulgação dos princípios espíritas dentro da originalidade da codificação publicada por ele. Augura-lhe, o espírito de Kardec, um grande futuro pela frente com tarefas de relevo na presidência de sociedade espírita de projeção mundial na divulgação de seus sagrados princípios. Escreveu Berthe Fropo àquela época "Numa comunicação anterior, que eu não guardei, me disseram que eu seria presidenta da nova sociedade; que eu escreveria um jornal fundado por essa; que eu ministraria conferências e que teria ainda uma grande influência no futuro da Doutrina. Nem eu, nem Madame Kardec pensamos nada sobre isso. Nós não demos importância alguma a essas comunicações, que eu as encontrei há três meses, em papéis velhos." (Fropo 1884, páginas 7 e 8 - páginas 165/166 "Je Suis Berthe Fropo"- Madame Kardec, a história que o tempo quase apagou, Adriano Calsone, Vivaluz Editora). É muito curioso saber que, àquela época, Madame Fropo e Madame Kardec não entendem o teor das mensagens de Kardec através do Sr. M. e chegam a duvidar de sua autenticidade, uma vez que já se reconheciam em idade avançada para assumir tão graves compromissos na divulgação dos princípios da Doutrina Espírita diante do mundo. Pensaram ela, Gabriel Delanne e Amelie Boudet que Kardec estava se referindo à fundação de nova sociedade espírita, e que a mensagem dele era direcionada para aquela mesma encarnação. Não suspeitou, portanto, Berthe Fropo, que o Espírito de Allan Kardec estava a delinear-lhe o roteiro de sua própria vida futura, no século XX, na pele da Dra. Marlene Rossi Severino Nobre. Se qualquer um de nós comparar o texto do Espirito de Allan Kardec nesta mensagem dirigida à Madame Berthe Fropo não terá certamente dificuldade de enxergar-lhe a difícil missão abraçada, na pele da Dra. Marlene Nobre, em todos os aspectos que hoje lhe reconhecemos e cuja memória honramos com nosso mais alto respeito e consideração. No dia seguinte ao "dia internacional da mulher" julgamos oportuno homenagear estas duas encarnações femininas, Berthe Fropo e Marlene Nobre, um mesmo espírito em missões diferentes na defesa e na divulgação de nossos sagrados princípios Espíritas Cristãos, como grandes damas que foram de nossa amada Doutrina dos Espíritos.  Geraldo Lemos Neto e Dra. Marlene Nobre em Uberaba, Minas Gerais, por ocasião da Comenda da Paz Chico Xavier. Mas quem foi Berthe Fropo? Berthe FropoBerthe Fropo, nascida Berthe-Victorie-Alexandrine Thierry de Maugras(Sarreguimes, França, 4 de outubro de 1821 - Paris, França, 9 de novembro de 1898) foi uma grande ativista espírita, amiga íntima do casal Kardec (Amélie Boudet e Allan Kardec), membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cofundadora e primeira vice-presidente da União Espírita Francesa, cuja biografia foi marcada pela coragem e determinação com que denunciou irregularidades na condição do Movimento Espírita após a desencarnação do codificador espírita. Escreveu diversos artigos para o jornal O Espiritismo (Le Spiritisme) e é a autora do livro Muita Luz (Beaucoup de Lumière), considerado uma obra fundamental para a compreensão das primeiras gerações da História do Espiritismo.  Berthe Fropo (1821-1898) e a incrível semelhança física com a Dra. Marlene Nobre. Vida pessoalBerthe Fropo nasceu em Sarreguemines, cidade do noroeste da França pertencente ao departamento de Mosela, perto da divisa com a Alemanha e não muito distante da Bélgica, em uma família originária de Fontainebleau composta de nobres, militares e pintores renomados. Foi o terceiro dos quatro filhos de Honoré-Louis Thierry de Maugras, diretor do Hospital Militar de Sarreguemines, e Frederika Rowenhagen, natural de Luxemburgo (Alemanha). Seus irmãos mais velhos foram Henri Thierry de Maugras (nascido em 1817, médico militar, oficial da Legião de Honra) e Louise-Wilhelmine Thierry de Maugras (nascida em 1819); a caçula da família foi Camille Thierry de Maugras (nascida em 1824, médica militar, também oficial da Legião de Honra). A intensa carreira militar do pai resultou que a sua família precisasse transferir morada para sucessivos lugares (Rocroi, Lille, Briançon e Calais) até que ela fosse se estabelecer na capital francesa. Apesar dessas mudanças, Berthe teve primorosa educação formal e artística, inclusive desenvolvendo sua voz para o canto lírico. Por razões políticas, durante o reinado de Louis-Philippe, seu pai é demitido do exército em 1837 e a situação financeira da família sofre colapso.  Mademoiselle Berthe Em 1846, já em Paris, Berthe conhece Augustin-Joseph Fropo (1820-1885), embora jovem, já um respeitado cirurgião militar, que com apenas 23 de idade havia concluído o curso de medicina e brilhantemente defendido sua tese de doutorado, o que lhe conferiu a honra de em 1845 ser iniciado na maçonaria pela loja Amis Réunis de l’Orient de Lille. Berthe e Augustin Fropo se casam em 1 de setembro de 1846, com uma celebração católica realizada na igreja de Saint-Jacques-du-Haut-Pas em Paris.  Augustin Fropo, esposo de Berthe Depois de anos passados na Argélia, pós-campanha italiana de 1859, Augustin Fropo foi nomeado, em 1863, médico do Regimento de artilharia da Guarda Imperial de Paris e o casal estabelece residência na Avenida Duquesne, nº 40. Enquanto o esposo se destacava na carreira médico-militar, Berthe Fropo se alistava em movimentos humanistas, inclusive integrando uma associação pela luta contra o tabagismo, apesar de ameaças da indústria do cigarro. Também usou seus dotes vocais em benefício dos necessitados, por exemplo, com um solo num concerto na Capela Militar de Paris, oferecido pelo Marechal Regnault de Saint-Jean-d'Angély.  Folheto de campanha contra o tabagismo na França Com a Guerra Franco-Prussiana, em 1870, a França — e sobretudo a capital parisiense — desmorona diante dos alemães; o Napoleão III é destituído do trono imperial e se exila na Inglaterra; a miséria se espalha e as famílias choram as mortes de seus jovens. Augustin Fropo é nomeado médico-chefe do Hospital Militar de Versalhes, onde em 1871, com reconhecido espírito de caridade, defenderá os feridos da Comuna de Paris (levante armado dos parisienses que propunha criar uma república operária independente do restante da França e fazer resistência aos prussianos) contra os maus tratos infligidos contra esses, pelo que será condecorado Comandante da Legião de Honra e Adolphe Thiers. Com o falecimento do esposo em 1885, Berthe Fropo passará a viver de sua pensão militar, que também usará para praticar atos de benevolência em favor de miseráveis da Vila de Ségur. Atividades espíritas de Berthe FropoNão temos registro de quando e como exatamente Berthe Fropo conheceu a Doutrina Espírita e passou a participar das atividades doutrinárias. O que os registros nos contam é que em algum momento ela foi membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, da qual depois se afastou — talvez por ocasião de obrigações militares de seu esposo — também foi amiga íntima do casal Kardec e zelosa defensora da pureza doutrinária da codificação espírita. Depois do falecimento do codificador espírita, Fropo foi a grande sustentação da viúva Kardec, sendo inclusive quem tentou socorrê-la quando do passamento de Amélie, conforme a própria Fropo relata: Muita Luz (Beaucoup de Lumière), Berthe Fropo - 'Como o Espiritismo é dirigido'"Enfim, em 21 de janeiro de 1883, tive a dor de perder minha amiga!! Na sexta-feira 19, levantando-se da sua cama, ela teve uma tontura, caiu e, batendo sua cabeça no canto do mármore de sua cômoda, perdeu a consciência. Ajudada pela empregada, pude levá-la de volta à cama, mas pela expressão de sua boca, vi que havia ali uma congestão cerebral. Fui procurar o médico, que me declarou que ela estava perdida." Fropo ganha destaque no Movimento Espírita a partir de quando ela contesta o modo como as instituições destinadas à continuação das obras doutrinárias de Allan Kardec estavam sendo administradas. Segundo ela, o principal líder e responsável pelo Espiritismo — Pierre-Gaëtan Leymarie — estava corrompendo suas funções, tanto materialmente, tomando proveito particular dos bens dos Kardec, quanto doutrinariamente, deturpando os conceitos espíritas em favor de outras correntes espiritualistas e místicas, notadamente o roustainguismo de Jean-Baptiste Roustaing e a teosofia de Madame Helena Blavatsky. De fato, Leymarie era o real mandatário da Revista Espírita, da Livraria Espírita e da Sociedade Anônima(criada para administrar os bens institucionais legados pelas obras de Kardec) e, no contexto apresentado por Fropo, havia tomado todas as providencias legais para afastar a influência da viúva Kardec das deliberações institucionais, bem como de todos os que se opusessem aos seus interesses — bem diferentes dos princípios espíritas, segundo Fropo. Articuladora da União Espírita FrancesaFropo denunciou Leymarie à viúva Kardec e conclamou os “espíritas sinceros” a se levantarem contra os desmandos daquele. Em certa reunião realizada em 27 de janeiro de 1881 na casa de madame Kardec, entre os espíritas convocados para fazer frente a Leymarie, um médium psicografou uma comunicação do Espírito do codificador conclamando-os para a fundação de uma nova sociedade espírita, do que mais tarde viria a ser a União Espírita Francesa, presidida por Gabriel Delanne, ao lado de Berthe Fropo, a vice-presidente. Além dessa nova sociedade, foi deliberado o lançamento de um jornal que servisse como órgão de comunicação da União: o periódico O Espiritismo (Le Spiritisme).  O Espiritismo (Le Spiritisme) Um pouco de luzFoi Berthe Fropo quem levou a público e em larga escala o que chamou de desmandos de Leymarie. Através da revista O Espiritismo, edição da segunda quinzena de outubro de 1883, ela assinou um artigo intitulado “Um pouco de luz” em resposta ao artigo “Aos nossos leitores” publicado na Revista Espírita do mês anterior, aproveitando para exprimir abertamente a má condução da herança doutrinária deixada por Kardec, exemplificando, entre outras coisas, pelo ato de Leymarie e seus aliados renomear a “Sociedade Anônima para a continuação das obras de Allan Kardec” pela insígnia “Sociedade Científica do Espiritismo”, o que motivou Fropo a inserir em seu artigo-resposta: Berthe Fropo, "Um pouco de luz" em O Espiritismo - outubro, 1883" Por que essa evolução? O que se pretendia fazer, removendo o nome do fundador, o mestre que vocês diziam ser tão respeitado e tão venerado. Em nome de todos os meus irmãos de crença, venho pedir-lhe o motivo; essa evolução é muito grave para que não tenhamos a explicação." O artigo foi uma espécie de ensaio para o que Fropo viria fazer logo adiante: publicar o dossiê Beaucoup de Lumière, ou, traduzido, Muita Luz. Muita Luz (Beaucoup de Lumière)Além de outros tantos artigos importantes publicados no periódico O Espiritismo, Berthe Fropo legou para o Movimento Espírita uma obra histórica importantíssima: Beaucoup de Lumière, que vertida para o nosso português é Muita Luz. Esse livro, bem como toda a obra de Fropo e da União Espírita Francesa — da qual ela era vice-presidente — ficou por um bom tempo no esquecimento, ou mesmo no desconhecimento das gerações posteriores daquela de seu lançamento, em 1884, só vindo a ser descoberto recentemente, através da internet.  Beaucoup de Lumière de Berthe Fropo Como a burocracia francesa exigia pelo menos uma cópia de cada obra que fosse publicado — a título de registro histórico e controle contra possíveis ativismos contra o governo — um exemplar da obra de Fropo ficou arquivado na Biblioteca Nacional da França. Com a popularização da internet, a Biblioteca deliberou digitalizar seu acervo e disponibilizá-lo livremente através de seu site: Gallica, vindo então a publicar uma fotocópia daquela obra, possibilitando assim que pesquisadores espíritas pudessem retirá-la dos escombros da História e com isso enriquecer os dados que compõem a historiografia do Espiritismo. Os pesquisadores pioneiros a desbravar a obra de Fropo foram: Adriano Calsone, em seu livro Em Nome de Kardec; e Paulo Henrique de Figueiredo, em seu livro Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec. Também serviu de base para o roteiro do filme-documentário Espiritismo à Francesa – a derrocada do Movimento Espírita Francês pós-Kardec, que ajudou a disseminar um grande interesse entre os estudiosos espíritas acerca da História do Espiritismo nascente, e que motivou o trabalho de tradução para o português realizado por Ery Lopes e Rogério Miguez, cujo ebook foi publicado pelo Portal Luz Espírita em 5 de outubro de 2017.  Muita Luz (Beaucoup de Lumière) de Berthe Frodo Os elementos históricos inéditos que a obra de Berthe Fropo trouxe à tona nos ajuda a compreender o contexto histórico do Movimento Espírita francês e seu declínio, assim como o enfraquecimento do Espiritismo em toda a Europa. Ela também nos dá pistas substanciais acerca da polêmico sobre a adulteração do livro A Gênese de Allan Kardec a partir da 5ª edição, publicada depois da desencarnação do autor. Diante da grandeza de sua obra, Berthe Fropo — ainda que talvez tardiamente — está posta no lugar de honra entre os grandes pioneiros do Movimento Espírita e, femme forte que foi, será lembrada com carinho e tomada como inspiração pelos espíritas sinceros. _________________________ Referências bibliográficas e internéticas :
09/09/2020 |
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