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Espiritualidade | Textos sobre Barnabé | O pedido de perdão é libertador


O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, com uma série de escritos sobre Barnabé, um dos primeiros trabalhadores que se agregaram integralmente à causa cristã. Confira os textos da coluna sobre Barnabé assinada por Carlos Malab.


Psicopictografia da médium Cleide, espírito Yoshi  – Fraternidade Cristã Francisco de Assis (Fecfas)


O pedido de perdão é libertador

Barnabé se predispunha a ajudar em o todo tipo de tarefas, contribuindo com seu esforço físico e mental nas atividades de  manutenção da casa cristã de Antioquia.

Já ia chegando a noite e o calor do dia finalmente estava amainando. Barnabé estava consertando um dos bancos da singela sala destinada às conversações sobre as lições do divino Mestre.

Sem que percebesse, uma senhora chegou ao ambiente e ficou observando-o trabalhar, esperando o término da tarefa.

Quando ele finalmente a viu, levantou-se e dirigindo-lhe a palavra disse:

-Boa tarde minha irmã em que posso ajudá-la?

-Irmão, meu nome é Lucila e vim saber se você pode me esclarecer sobre um assunto que me aflige e tem trazido apreensão ao meu lar.

-Claro, minha irmã. Aguarde aqui um pouco que já retorno.

Barnabé, por experiência, não fazia conversas de esclarecimento sozinho. Tinha aprendido que era melhor estar acompanhado, visando evitar mal- entendidos nas orientações. Agia assim para ofertar palavra de suporte com abordagem diferenciada e possibilitar o treinamento para a tarefa de outros irmãos da igreja. Com esta prática, haveria sempre alguém para testemunhar caso necessário sobre o que foi conversado.

Decorrido pouco tempo, ele retorna à sala com a companhia de irmã Lina e reinicia a conversa:

-Irmã Lucila, conte o que lhe aflige e vamos pedir ao Senhor que lhe ajude em suas dificuldades.

-Irmãos, obrigado por me ouvirem, vim porque eu não aguento mais os sonhos que tenho com a minha sogra. Todas as noites, ela vem em meu pensamento. Sempre acordo assustada e vejo sua imagem em cenas  com cobras, ratos, lagartos e aranhas.

Lucila começou a chorar e a tremer. Sua expressão facial demonstrava nervosismo e desorientação.

-Calma minha irmã, não se desespere, para tudo há uma explicação. Você não está abandonada por Deus. Aqui, está entre irmãos que querem lhe auxiliar. Vamos fazer uma prece.

Barnabé ficou em silêncio por alguns instantes e depois, em voz compassada e suave, orou:

Mestre amado, lembramos de Ti nestes instantes, pedindo pela irmã Lucila. Dê forças, Senhor, para que ela e sua família possam sentir o seu amparo sempre presente. Fortalece-nos o coração, para que possamos agir no bem e de acordo com os seus ensinamentos.

Lembrando suas palavras, ajuda-nos a estar vigilantes para fazer ao nosso próximo o que desejaríamos que nos fosse feito. 

Pedimos, assim, Senhor. Esteja conosco, Senhor hoje, agora e sempre.

Após pronunciar estas palavras, com a inflexão de carinho e amor, Lucila parou de chorar, e Barnabé, após alguns instantes de respeitoso silêncio,  voltou a conversar.

-Minha irmã, o que te leva a estas reações quando fala de sua sogra?

-Quando conheci meu marido, fui apresentada a sua mãe, ao vê-la, senti uma repulsa que não sei explicar. A presença dela não me agradava. Procurei esconder este sentimento, sabendo que precisava de sua aceitação para me tornar noiva e esposa do seu filho. E assim o fiz. Quando o casamento se concretizou, convenci meu marido a mudar de cidade. Com a chegada do primeiro filho, afastei meu esposo da mãe de forma definitiva. Sempre que ele queria visitá-la, eu inventava um empecilho, assim foi passando o tempo até que a minha sogra caiu doente. Para impedir a viagem de Enoch para vê-la, me fiz de doente. Ele ficou dividido sobre que atitude tomar. Permaneceu distante da mãe, que veio a falecer sem ter o consolo do próprio filho.

Lucila parou um pouco de falar e, depois de respirar fundo algumas vezes, continuou:

Com a partida de minha sogra,  pensei que os meus problemas haviam terminado, mas ai comecei a ter esses sonhos onde ela me persegue e meu marido começou a me culpar por não ter ajudado a mãe. Hoje, Enoch fala pouco comigo e se mantém distante, arredio. Temo que ele me abandone e não sei o que fazer. Soube que nesta casa vocês ajudam muita gente e que conseguem muitas bênçãos, então resolvi vir para pedir ajuda. Não estou suportando mais esta situação, tem horas que me sinto tremer sem saber o porquê e logo vem à minha mente a imagem de minha sogra, gritando e praguejando. Por favor, me ajudem irmãos.

Barnabé, que a tudo ouvia muito compenetrado, refletia em como ajudá-la. Intimamente, se colocava na situação daquela senhora que havia, pelos seus atos, chamado a desarmonia para a sua vida e para o seu lar. Não lhe cabia ali a posição de juiz mas de enfermeiro da alma. Observou que o desabafo da senhora, lhe habilitava, pelo arrependimento sincero, a ser auxiliada. Com tranquilidade retornou:

-Minha irmã, na nossa vida somos defrontados com muitas situações que existem para o nosso crescimento e aprendizado. Foi assim que Deus colocou a sua sogra em seu caminho para lhe desenvolver o respeito e amor ao próximo. Ela é uma mãe como você também o é hoje. Tenha em mente que há sempre tempo de nos renovarmos. Veja o exemplo da natureza. Existe sempre um novo dia. É assim que não nos falta oportunidade de repararmos nossas falhas e erros.

-Será, irmão, que a alma dela está me perseguindo? Estou sem saber o que fazer.

Barnabé olhou para Lina que acompanhava tudo em silencio e sabendo da sua capacidade moral e conhecimento lhe deu a palavra:

-Irmã Lina, você conhece experiências assim como as relatadas pela irmã Lucila?

-Sim irmão, conhecemos alguns casos semelhantes que só são resolvidos com oração, paciência e  determinação na mudança de atitudes. Jesus nos ensinou que devemos orar por aqueles que nos perseguem e que somente o perdão incondicional pode livrar as nossas almas da prisão do ódio e do rancor.

Barnabé ficou em silêncio por alguns minutos. Lucila e Lina permaneceram caladas, na expectativa de uma orientação.  O dedicado trabalhador voltou de sua breve meditação dizendo:

-Há algum tempo atrás, apareceu aqui um caso semelhante ao seu irmã Lucila. Tratava-se de um homem que possuía uma tenda de venda de tapetes no mercado de Éfeso. Ele veio nos procurar porque estava de passagem pela nossa cidade, retornando de viagem comercial. Relatou ter pesadelos constantes com um ex-sócio que havia morrido e vinha lhe cobrar o auxilio à sua família com o pagamento de sua parte na sociedade. Os sonhos eram bem nítidos . Ele confessou que não havia realmente dado nada a família, escondendo o patrimônio comum. Nós lhe explicamos que a morte não existe. Só mudamos de lado da existência e continuamos a ser quem éramos quando estávamos entre os vivos. O instruímos a voltar a Éfeso, auxiliar a família de seu ex-sócio e fazer preces por ele, pedindo perdão pelas suas atitudes de displicência e egoísmo. Ele fez isto. Meses depois, passou por aqui e nos contou que após agir como havíamos sugerido seus sonhos ruins pararam. Ele estava bem feliz e pôde, seguir com os negócios. Informou, inclusive, ter tornado o filho mais velho de seu antigo companheiro em sócio, se incumbido de instruí-lo na profissão e nos caminhos da vida.

Barnabé suspendeu sua palavra mais uma vez e olhando para Lucila perguntou:

-Entendeu, minha irmã?

-O senhor acha então que a alma da minha sogra está me assombrando? É isto? Que devo fazer então?

-Minha irmã, os problemas que nós criamos somente nós mesmo podemos desfazer. Deus nos deu a capacidade de nos renovarmos todos os dias e construir a felicidade para as nossas vidas. Você gosta do seu marido?   

-Sim, irmão, eu gosto muito dele.

-Então, construa um futuro melhor para vocês dois. Deus irá te ajudar e nós vamos lhe auxiliar no que for possível. Comecemos assim: Primeiramente, a   irmã vai iniciar orando pela a sua sogra, pedindo-lhe sinceramente perdão pela sua desatenção e atitudes do passado. Já aviso que não adianta falar da boca para fora, só por convenção e mera repetição de palavras. O pedido tem de sair do fundo do seu coração. Procure seu marido, pedindo perdão pelas atitudes com sua sogra. Ajude-o a cultivar a memória dela com carinho e consideração. Como vê, não é nada tão difícil assim. Nós aqui vamos orar por você sua família e sua sogra. Vamos pedir a Deus que lhe dê forças e lhe ampare.

-Entendeu?

-Sim, irmão, entendi, mas é muito difícil meu marido me perdoar.

-Nada é impossível para Deus, minha irmã. Precisamos fazer a nossa parte. Seu marido é um homem bom e vai lhe entender. Sua sogra vai perceber a sua mudança de atitude, e, com a graça de Deus, ela vai lhe perdoar.

-Vou tentar, irmão. Obrigado pelas palavras.

Ainda abatida, mas mais disposta, Lucila se retirou do recinto acompanhada por Lina que se predispôs a acompanhá-la até a sua residência.

Barnabé, olhando as duas se afastando, lembrou a recomendação luminosa de Jesus:

“Amai aos vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;” (1) 

Pensou consigo mesmo. Quanta dor e sofrimento conseguiríamos tirar do nosso caminho se soubéssemos cultivar a amizade, a gentileza e a solidariedade com aqueles que partilham conosco as estradas do mundo.

(1) Mateus 5:44




Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Artigo postado
03/03/2021
 


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