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Notícia

Entrevista com Yvonne do Amaral Pereira, a médium de "Memórias de um suicida"





 Yvonne Pereira do Amaral, no início da década de 1980,
acompanhada de uma criança que, nos dias atuais, disponibilizou a foto para dominio público.


1 - Ao receber a mensagem do Além, para os seus livros, você fica consciente do que escreve ou só se reconhece ao terminar?

R - A obtenção de um livro mediúnico é trabalho árduo, que mobiliza todas as forças mentais e psíquicas do médium a serviço do agente comunicante, pois é transmissão de pensamento a pensamento. Nem todos os médiuns têm as mesmas características para a recepção desse gênero de trabalho. No que me diz respeito, sofro transe pronunciando, embora, não completo. Tenho consciência de mim mesma, mas qualquer rumor exterior me poderá perturbar. Por essa razão só escrevo altas horas da noite. Vou lendo o que escrevo como se se tratasse de um folhetim que me apresentassem. O impulso do braço e atordoamento é ligeiro, sem ser veloz. Às vezes, ouço o murmúrio do ditado como se se tratasse de um folhetim que me apresentassem. o impulso do braço é ligeiro sem ser veloz. Às vezes, ouço o murmúrio do ditado como se o espírito comunicante falasse aos meus ouvidos, o que facilita a recepção. Se a obra é de difícil captação, como Memórias de um Suicida e Nas Voragens do Pecado, o impulso vibratório do braço é menos rápido. Perco a noção do que me rodeia, mas não de mim mesma; somente me apercebo da tarefa que executo, por isso necessito de silêncio e tranquilidade. Às vezes, vejo as cenas que estou descrevendo, mas só me inteiro do conteúdo da obra, verdadeiramente, depois da sua publicação.

2 - Quantas obras já publicou e quais os seus autores?

R - Publicados tenho apenas onze, mas possuo várias outras inéditas, esperando oportunidade para virem a lume. Os autores são os espíritos de Adolfo Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Charles, cujo sobrenome ainda desconheço, e Léon Tolstói. Nessas onze obras estão incluídas as duas constantes do volume Nas Telas do Infinito e as duas constantes do volume Dramas da Obsessão.

3 - Como e quando começou a psicografar?

R - Aos doze anos de idade já eu escrevia impulsionada pelos espíritos, sem contudo, ter verdadeira noção do fenômeno. Sou criada em ambiente espírita desde o berço e por isso o fato nunca me impressionou. Sentia indomável impulso no braço e atordoamento, sem no entanto, se verificar o transe, e isso fora mesmo de sessões práticas. Desejava parar de escrever e não conseguia. o fenômeno parece que se processava pela psicografia mecânica. E via o espírito comunicante, que se nomeava Roberto, afirmando ter vivido na Espanha, pelo século XIX. Nunca procurei desenvolver a mediunidade ou a provoquei. Apresentou-se-me ela, naturalmente, desde a infância. Apenas procurei imprimir-lhe o rumo conveniente, educando-me na moral evangélica e nas disciplinas recomendadas pela Doutrina Espírita. E comecei a psicografar livros ainda em minha juventude, recebendo o primeiro convite ao trabalho e as necessárias instruções do espírito Camilo Castelo Branco, que desde minha infância, se revelou um grande amigo espiritual. Qualquer entidade que conceda uma obra psicográfica convida o médium (não ordena) e fornece instruções. Sem esse convite será difícil, senão impossível, conseguir-se alguma coisa autêntica. Pelo menos é o que acontece comigo.

4 - Possui apenas o dom da psicografia ou faz alguma outra coisa dentro do Espiritismo?

R- Possuo vários outros dons mediúnicos, inclusive o de cura, os quais pus a serviço da Doutrina Espírita e do próximo desde a minha juventude. De tudo já realizei um pouco, como médium e como espírita. Atualmente, porém, como médium, limito-me à psicografia, à oratória, à colaboração na imprensa espírita, ao Esperanto, à correspondência doutrinária, a um pouco de assistência doutrinária e a um pouco de assistência social nos meios espíritas. Possuo também a faculdade de efeitos físicos (materializações), mas não me interessando por esse gênero de trabalho espírita não a utilizo.

5 - Que pretende para a vida espiritual? Ou já se afinou com ela?

R - Nenhum de nós poderá fazer projetos para a vida espiritual. Nosso futuro em além-túmulo depende das ações praticadas durante a vida terrena, ou seja, dos méritos ou deméritos adquiridos neste mundo. Nada posso pretender, portanto, da outra vida. Cabe-me apenas esperar pela justiça e a misericórdia de Deus. Não resta dúvida, porém, de que vivo mais da vida espiritual do que da material há muitos anos.

6 - A Psicologia e a Parapsicologia podem explicar cientificamente os fenômenos de psicografia?

R - Não, porque, propositadamente, os investigadores contrários à tese espírita não querem explicá-los, assim como nenhum outro fenômeno espírita. Fecham os olhos para não ver, tudo atribuindo ao inconsciente, quando o "maior livro de Parapsicologia escrito até agora é "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec, tal a declaração de um erudito espírita brasileiro. O fenômeno da psicografia é mediúnico, carecendo sempre de um agente espiritual independente do médium. Não havendo esse agente, isto é, o espírito comunicante, deixará de haver psicografia. O mais que os senhores parapsicólogos têm feito é apontar fenômenos de animismo, aliá-los aos fenômenos mediúnicos, ou seja, fenômenos produzidos pelo espírito do próprio médium e não por um espírito desencarnado; nesta última hipótese, a Parapsicologia para, quando devia continuar. Os espíritas foram os primeiros a observar os fenômenos produzidos pelo animismo e nunca se sentiram diminuídos por eles. Tratam-se de fenômenos belíssimos, de grande valor, provando não só a existência da alma e suas poderosas forças, mas ainda a vontade soberana dela, sua independência e lucidez fora dos limites corporais, sua ação, seu poder particular conferido pela natureza. Essa questão vem sendo esclarecida desde os primórdios do Espiritismo por ilustres pesquisadores e sábios psiquiatras europeus e norte-americanos, e também por vários observadores brasileiros. Qualquer espírita, ainda que pouco versado em matéria de mediunidade, e desde que se não deixe cegar pelo fanatismo, poderá realmente distinguir o fenômeno espírita do fenômeno puramente anímico, porquanto eles são absolutamente diferentes. A Parapsicologia, pois, não explica a psicografia, como não explica nenhum outro fenômeno espírita de que participe o espírito desencarnado, visto que prefere encobri-los.

7 - O psicógrafo interfere na qualidade literária da mensagem?

R - Até certo ponto sim. Se, na vida prática e em sua vida mental, ele age de forma a só atrair bons espíritos, necessariamente as comunicações recebidas serão de excelente qualidade. Se se afinar, porém, com espíritos ignorantes, medíocres, frívolos ou mistificadores, as mensagens recebidas (escritas ou verbais) serão suspeitas ou de má qualidade. Este um ponto doutrinário dos mais conhecidos e debatidos. Se o médium possuir cabedal intelectual também influirá, de certo modo, porque o agente comunicamente encontrará facilidade em usar esse material e a obra sairá mais completa. Mas há médiuns iletrados, sem ser analfabetos, que produzem obras literárias de imenso valor. O médium norte-americano Andrew Jackson Davis, por exemplo, obteve várias obras literárias importantes, entre outras a Grand Harmony, que maravilhou o mundo; e o médium Thomas P. James, também norte-americano, um simples mecânico impulsionado pelo espírito do escritor inglês Charles Dickens, terminou o romance O Mistério de Edwin Drood que o autor deixava a meio, ao falecer. E de tal forma o conseguiu que não foi possível determinar o ponto em que termina a obra do escritor e começa a ação do médium. Outros psicógrafos existiram, como o português Fernando de Lacerda, que escrevia mediunicamente, em prosa e em verso, conversando com amigos, com as mãos, acionado pelos escritores clássicos de Portugal. Às vezes, Fernando de Lacerda despachava com a mão direita papéis da repartição em que trabalhava, enquanto psicografava com a esquerda páginas de Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Camilo, etc. O mesmo sucedia ao médium brasileiro Carlos Mirabelli, de São Paulo, que psicografava com as duas mãos, também conversando, teses científicas ou filosóficas, em línguas diferentes umas das outras. E apenas cito esses, que, certamente, não interferiram, de forma alguma, na qualidade ou na ação da psicografia. Médiuns desse tipo são, porém, muito raros. O mais comum é haver influência do médium, sobretudo quando ele não observa uma disciplina rigorosa e não se empenha em bem compreender a mediunidade, a fim de exercê-la criteriosamente. O médium muito intelectualizado, por sua vez, mantendo ideias e opiniões muito pessoais, e preconceitos, às vezes, inveterados, poderá influir bastante, alterando o pensamento da entidade comunicante, produzindo o a que denominamos "enxerto". Os espíritos elevados, que já se manifestam com obras de responsabilidade, preparam os seus médiuns longamente, por vezes desde a infância, a fim de evitar tais ocorrências. De qualquer forma, o espírito comunicante utiliza o cabedal fornecido pelo médium. Poderá este psicografar assuntos muito superiores à sua capacidade, mas sempre existirão certas expressões particularmente suas naquilo que produz. De outro modo, a qualidade da mensagem não depende apenas do médium, mas também do espírito que a fornece e até do ambiente em que exerça a sua faculdade. É trabalho penoso para ambos, e assunto complexo. O melhor meio de a palavra dos espíritos chegar pura e de boa qualidade é procurar o médium moralizar-se, elevar-se espiritualmente, fazer-se humilde, reconhecer as próprias fraquezas e jamais se considerar excelente ou indispensável, além do dever de exercer o bem de toda parte. Eis como o médium poderá influir nas mensagens que recebe.

8 - Pode descrever um pouco do estado de espírito da pessoa no momento de psicografar?

R - Quase que de regra, esse fenômeno se verifica tão inesperadamente que o médium se surpreende e aturde, mormente se o fato vem espontaneamente, sem o preparo prévio das sessões de experimentação mediúnica. Se se trata, porém, de psicografia já educada, com o médium responsável, ou da obtenção de um livro, por exemplo, quando o médium já recebeu as devidas instruções de seu guia espiritual; se se trata de um receituário, um conselho a particulares, etc., esse estado (em mim, pelo menos) é de expectativa, de emoção, de profundo respeito e até de religioso temor, se assim me posso expressar. Às vezes, certa inquietação sobrevém, pois que, já empunhado o lápis, com a mão apoiada sobre o papel, o médium não tem a mínima ideia do que escreverá.



Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Samuel Lima
11/04/2011
 


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