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Notícia

Primeiro título de "O Livro dos Espíritos": "Religião dos Espíritos" — Canuto Abreu


O método e os meios escolhidos pelo Plano Espiritual para trazer ao planeta "O Livro dos Espíritos", primeira obra da codificação kardequiana, já foi uma evidência inequívoca de que se tratava de um fenômeno mediúnico absolutamente autêntico, impossível de ser blefado por jovens e ingênuas meninas psicógrafas, que produziam as informações-respostas a partir de um lápis de pedra amarrado a um cesta de vime, escrevendo, mediante impulso mediúnico, sobre um rudimentar quadro de ardósia, nascendo, assim, "O Livro dos Espíritos".

Muitos espíritas ainda não sabem que "O Livro dos Espíritos" — completando nesse ano de 2007, em 18 de abril, 150 anos de sua formulação, o primeiro da codificação de Allan Kardec — foi composto basicamente de forma surpreendente por duas jovens irmãs, médiuns psicografantes, as meninas Caroline Baudin, de 18 anos e Julie Baudin, de apenas 15 anos.

O método de psicografia indireta não poderia ter sido mais rudimentar, como veremos mais adiante. Foi dentro desse contexto histórico que o codificador da Doutrina Espírita,  Allan Kardec, encontrou um ex-companheiro de fé, um espírito desencarnado, que se identificou simplesmente como Zéfiro. É que o codificador do Espiritismo fora sacerdote de uma antiga filosofia denominada druída, agora em novo renascimento, na França, sob o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Quem vai contar a surpreendente história é Canuto Abreu, sobre quem Chico Xavier disse: “As tuas anotações não constituem obra do acaso, mas revivescências de lembranças” (mensagem de Emannuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, para Canuto Abreu). Raras narrativas históricas contam esse reencontro de Kardec com o espírito Zéfiro. Um desses relatos veio num artigo — supostamente inspirado no famoso e respeitável escritor Silvino Canuto Abreu — publicado em um jornal chamado “A Voz do Espírito – Edição número 89, Janeiro/Fevereiro de 1998, de autoria de Mauro Quintella (fonte: Portal do Espírito). Graças a essas escassas publicações, hoje os espíritas sabem alguma coisa sobre a história de "O Livro dos Espíritos". Canuto  Abreu, nascido em 1892 na cidade de Taubaté, em São Paulo, também escritor e emérito pesquisador, desencarnou em 1980. De sua autoria é uma preciosa obra chamada  “O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária” (Editora LFU), na verdade título de seus memoráveis artigos publicados no jornal chamado "Unificação", editado pela União das Sociedades Espíritas de São Paulo, na década de 1950. Além de médico, o famoso confrade era também formado em Direito, iniciando a advocacia aos 22 anos de idade. Aprimorou seus conhecimentos na França, onde estudou Teologia e Ciências Religiosas. Conhecia quase o mundo todo. Era autodidata e estudou o grego, o hebraico e o aramaico. Tinha ele uma paranormalidade marcada por significativos fenômenos mediúnicos.

Porém, não se sabe onde o autor colheu informações tão precisas sobre as jovens médiuns que compuseram "O Livro dos Espíritos", sabendo-se, todavia, que Canuto Abreu era dono de invejável cultura, com uma biblioteca de mais de 10.000 livros. Não se tem qualquer confirmação sobre se as preciosas informações que ele publicou foram colhidas por seus próprios canais mediúnicos, ou se resultaram de raros e preciosos documentos, possivelmente obtidos em suas andanças pela Europa. Consta que durante a Segunda Grande Guerra Mundial, quando a França foi invadida pelos exércitos de Hitler, teriam chegado às mãos de Canuto Abreu algumas relíquias históricas que poderiam estar arquivadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (ver "Personagens do Espiritismo" de Antonio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy). A hipótese, porém, parece pouco provável, pois os diálogos e pormenores envolvendo fatos e situações que o famoso autor lança em sua obra mais sugerem escrita mediúnica do que trabalho de pesquisa.  Uma coisa, porém, ninguém duvida: a honorabilidade do escritor e, também, o ser humano especial que todos os seus contemporâneos nele reconheciam, dono de uma reputação inegavelmente acima de qualquer suspeita.

Trata-se de um inquestionável grande vulto do Espiritismo, fato que se confirma, também, na mensagem que lhe endereçou, no dia 19 de agosto de 1952,  o espírito Emannuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier: "As tuas anotações, quanto à história dos pioneiros do Espiritismo, não constituem obra do acaso e, sim, tarefa de elevado alcance moral para a causa que pretendemos defender. Não definem mero arranjo literário para alimentar os caprichos de leitores famintos de novidade e emoção, nem compõem tessitura de fios dourados de ficção, objetivando efeitos especiais em nossos arraiais doutrinários. A tua obra é a revivescência de lembranças, que os soldados e operários de nosso movimento não podem esquecer sob as cinzas, de modo a içarem, cada vez mais alto, o estandarte luminoso da nova revelação, confiado aos homens para a glorificação de nossos mais elevados destinos. Imprescindível te mostres digno de tão sagrado depósito, espalhando-lhe as cintilações com todos os trabalhadores da Doutrina de amor e luz que há quase um século vem despertando a consciência da humanidade para a nova era de trabalho e progresso que as trevas, debalde, procuram rejeitar”.

Parece, pois, evidente diante de tal depoimento, que qualquer suspeita sobre a confiabilidade do famoso informante histórico não merecerá qualquer acolhida responsável, mesmo porque não se tem notícia de qualquer outro relato que colida, direta ou indiretamente, com a informação de Canuto Abreu. Igualmente, não se tem conhecimento de qualquer publicação, ou relato, que desautorize a versão histórica daquele confrade. Por oportuno, registre-se que Canuto Abreu prossegue seu trabalho na Espiritualidade. Em 2004, por ocasião do 4º Congresso Espírita Mundial, realizado na capital da França, o médium Raul Teixeira psicografou mensagem dele, que homenageou o codificador. Naquela oportunidade, disse Canuto Abreu: “Allan Kardec veio ao planeta para representar no campo físico a equipe luminosa do Espírito da Verdade, que jorrava claridade sobre o orbe sob a ação venturosa do Cristo excelso”.

A história do "O Livro...", contada por Canuto Abreu

Consta que a família Baudin — Émile-Charles, Clémentine e as filhas Caroline e Julie —  costumava fazer reuniões espíritas em seu lar quando ainda residia na Ilha da Reunião, uma colônia francesa, que surgiu  do mar há três milhões de anos, graças à força de dois vulcões, na costa oriental da África,  pertencente à França desde 1638. As reuniões espíritas dessa família na Ilha passaram a ser dirigidas por um espírito, que se apresentou como seu guia espiritual. Quando lhe indagaram o nome, o visitante espiritual respondeu: “Sou o Zéfiro da verdade. Chamem-me por esse nome”. (Zéphyr) Zéfiro é o nome do vento do oeste na costa marítima e é também tido como uma brisa suave, sendo filho de Eos (deusa do amanhecer) e Astreu (um dos três personagens da mitologia grega). Zéfiro houvera esposado Íris e seus irmãos foram Bóreas, Noto e Euro.

Certa noite, Zérifo previu que a aquela família mudaria brevemente para Paris: “Lá  procurarei manter contato com um velho amigo e chefe, desde o nosso tempo de druídas”. Nessa época, os Baudin não vislumbravam, nem de longe, a possibilidade de morar na França. No entanto, não demorou muito, veio uma crise no comércio do café e do açúcar, principais produtos das atividades agrícolas e comerciais da família, que, por essa razão, foi obrigada a mudar para a França, em 1855. Canuto Abreu conta que as reuniões mediúnicas continuaram em Paris. Zéfiro riscava suas respostas às perguntas da família Baudin e convidados.

Numa certa noite, o senhor Denizard Rivail e sua esposa Amelie Boudet aceitaram o convite para participar de uma reunião espírita na casa da família Baudin. Presente naquela reunião o espírito Zéfiro, Rivail foi por ele saldado de uma forma que ninguém inicialmente entendera:  “Salve, caro Pontífice, três vezes salve!” Sem compreender o sentido daquela aparentemente bizarra saudação, os assistentes deliciaram-se em boas gargalhadas. “Pontífice?!...” Monsieur  Baudin sentia-se constrangido, não entendia o ocorrido e tentou atribuir ao caráter espirituoso de Zéfiro aquela possível brincadeira. Mas o fato é que Rivail aceitou a descontração e  devolveu: “Minha bênção apostólica, meu filho”. E o pequeno público assistente novamente caiu em boas gargalhadas. Mas o espírito Zéfiro logo interviria para por fim à zombaria e ao constrangimento, explicando que Rivail houvera sido um alto sacerdote druída, com o nome de Allan Kardec ao tempo de Júlio César, na antiga Gália, hoje França, nos anos 50 antes de Cristo. E que ele, Zéfiro, fora contemporâneo de Rivail em encarnação daqueles idos tempos (os druídas eram juízes, filósofos, professores, enfim, personalidades respeitadíssimas e de altas funções na sociedade de etnia celta, um povo guerreiro que acabou dominado pelo imperador romano Júlio César, depois de uma bárbara invasão do território celta. Os sacerdotes druídas professavam uma filosofia ocultista, passada oralmente de uns para outros, sem qualquer registro escrito. Por isso, muito pouco se sabe sobre eles).

Iniciaria-se, ali naquela reunião descontraída da família Baudin, um novo tempo de conhecimento para a humanidade, “uma nova aurora”, como mais tarde anunciaria o famoso astrônomo amigo de Kardec, Camille Flammarion, uma doutrina inovadora e reveladora, fincada num tripé até então inédito: a Religião, a Filosofia e a Ciência.

A partir daquele encontro de Zéfiro com Rivail, seriam fornecidas as primeiras respostas de "O Livro dos Espíritos". E as personagens mediúnicas escolhidas para a psicografia seriam justamente as jovens e pueris meninas, filhas do casal Baudin, Caroline e Julie, aquela com 18 anos e esta com apenas 15 anos. Aquelas duas meninas, com certeza sem qualquer preparo intelectual para desenvolver uma nova filosofia dessa superior magnitude, foram a ponte que o Além encontrou para fazer chegar ao planeta o primeiro livro da doutrina inaugurada por Allan Kardec.

"Não fomos nós que compusemos o livro, mas os guias, o Professor Rivail e o roc" – disse a menina Caroline, em resposta à jovem Ermance Dufaux, que perguntou como o livro foi composto, segundo a narrativa de Canuto Abreu. A família Dufaux, a que pertencia a menina e médium Ermance, fora apresentada a Rivail por madame Plainemaison, dama viúva que vivia de rendas deixada pelo seu falecido marido.

O roc era um lápis de pedra amarrado a uma tupia, ou seja, uma cestinha de vime, pelos quais os escritos iam surgindo numa lâmina de pedra portátil (ardósia). Por esse meio, absolutamente rudimentar, advieram as primeiras escritas psicográficas com que o espírito Zéfiro começou a ditar o livro inaugural da Codificação, que vai completar 150 anos, ou seja, "O Livro dos Espíritos", que viria a ser revisto e complementado pela mediunidade de Ruth Celine Japhet, de 20 anos, sendo certo que “toda a obra, no fundo e na forma, foi revista e corrigida pelos próprios espíritos que a inspiraram”, garante Canuto Abreu. E mais: “Tanto as questões da primeira, quanto os comentários da segunda coluna resultaram dos ensinos dos espíritos e não das elucubrações do senhor Rivail”. Ainda segundo o famoso autor, “Rivail observava tudo, tomava nota das respostas dadas pelos espíritos a quem quer que fosse, quando continham, a seu ver, um ensinamento de utilidade geral. Limitava-se a saudar o guia e a ouvir a leitura de suas respostas (...) Portava-se, na verdade, não como aprendiz, mas como examinador severo. Discutia com o espíritos como se fossem homens. Nada aceitava que não estivesse conforme a razão.”(*)

Posteriormente, o livro  mereceu a colaboração final da jovem Aline Carlotti, médium psicógrafa e de psicofonia, a cuja mediunidade Kardec submetera as questões mais complexas. 

As quatro mocinhas, apesar de risonhas e elegantes, não eram fúteis, prossegue Canuto Abreu, que acrescenta: “O trato das coisas sérias, as palestras filosóficas e morais em que tomavam parte, os conselhos dos guias, as comunicações edificantes, a convivência com pessoas cultas e, sobretudo, o adiantamento moral e intelectual que possuíam de existência anteriores faziam-nas preferirem, mesmo quando em palestras sociais ou a sós, assuntos construtivos”.

Uma dezena de médiuns voluntários colaborou na revisão das respostas dos espíritos, a conselho do próprio Plano Espiritual. Nesse grupo revisor, destacavam-se Roustan, médium intuitivo; a senhora Canu, sonâmbula inconsciente; a senhora Leclerc, médium psicógrafa; a senhora Clèment, médium  falante e vidente; a senhora Roger, clarividente notável e a senhora De Plainemaison, auditiva e inspirada, na casa de quem o professor Rivail começara, como simples curioso — não fazia muito tempo —  a estudar o spiritualism, (movimento herdado dos Estados Unidos, em decorrência dos fenômenos das mesas girantes que envolveram as irmãs Fox), como narra a obra de Canuto Abreu.

Sabido é que depois de Zéfiro, conforme subscrito em Prolegômenos, (preâmbulo à introdução de "O Livro dos Espíritos") compareceram na sequência psicográfica desse primeiro livro vários espíritos superiores, sendo que Zéfiro já anunciara o comparecimento de alguns deles nas primeiras reuniões com o professor Rivail: Agostinho, João Evangelista, Vicente de Paulo e outros confirmados pela jovem Ermance Dufaux, como Sócrates, Fénelon, Swedenborg e Hahnemann.

Em reunião que promoveu em sua residência, após a conclusão de "O Livro dos Espíritos", com a finalidade de agradecer as colaborações recebidas, Kardec disse reconhecido: “... um agradecimento particular às meninas Caroline, Julie e Ruth Celine. Pondo de lado os prazeres próprios da mocidade e sacrificando as horas de estudo e afazeres domésticos, elas se prestaram durante mais de um ano, com o máximo desinteresse material e a melhor dedicação espiritual, ao fatigante uso de seus dotes mediúnicos”.  A riqueza do pormenor informativo confirma a impressão de que o dedo mediúnico de Canuto Abreu efetivamente trabalhou em resgate dessa memória histórica.

Em Prolegômenos, Kardec se omitiu sobre as meninas psicógrafas, que compuseram "O Livro  dos  Espíritos", para protegê-las: “Resolvi afrontar sozinho as ondas de oposição que o livro vai suscitar. É meu dever ocultar ao grande público os nomes de nossas médiuns” (desabafo de Kardec, segundo Canuto Abreu).

Kardec, claro, foi obrigado a proteger as meninas psicógrafas, pois eram, como dito, jovens e do sexo feminino num mundo então coroado de preconceitos contra a mulher e, sobretudo, contra as religiões não ortodoxas, ou que desafiassem o status quo religioso vigente (**). Afinal, o professor Rivail já houvera presenciado um diálogo entre o senhor Baudin e o senhor Dufaux  a respeito do livro “Vida de Luiz IX Escrita por ele mesmo”, de autoria de sua filha Ermance, que fora censurado por conter passagens consideradas desrespeitosas à Santa Sé, segundo conta Canuto Abreu. “Lastimável que isso aconteça  em plena metade do século dezenove”, ponderou  Rivail, preocupado com seu livro. Afinal, as pioneiras do Espiritismo,  as irmãs americanas Fox, vinham sendo perseguidas cruelmente, excomungadas e repelidas em todas as comunidades, como também informa Canuto Abreu.

Por isso, muito pouco se sabe a respeito das históricas meninas que compuseram a base de "O Livro dos Espíritos". Não teria sido por outra razão que na Introdução e em Prolegômenos o codificador simplesmente informa que a obra foi escrita “por ordem e mediante ditado de espíritos superiores (...), por muitos médiuns”, sem, entretanto, detalhar o método e as formas, de maneira a não expor as jovens meninas Caroline e Julie.


Em 18 de abril de 1857, Kardec estaciona uma carruagem com 1.200 volumes de "O Livro dos Espíritos", destinados à Livraria Dentu

Concluída a edição primeira de "O Livro dos Espíritos", numa bela manhã de sábado de primavera, Kardec sai de sua residência, em Paris, na Rue des Martyrs, número 8, segundo andar, com 1.200 volumes da obra. O meio de transporte era uma carruagem. Ele se detém na Rue Montpensier, em frente à Galeria d´Orleans, no Palais Royal , para alcançar a Livraria Dentu, da viúva madame Mélanie Dentu. Silvino Canuto complementa a descrição da cena: “O ajudante de cocheiro, trajando uniforme cinzento, amarrotado e sujo, saltou da boleia e dirigiu-se à Livraria”. Esperava por Kardec e sua obra, além da proprietária da Livraria, um gerente da loja identificado apenas pelo nome de Clément, que leu a nota de entrega remetida pela Tipografia De Beau e ordenou o desembarque dos livros. À tarde, Kardec volta à Livraria e constata que mais de meia centena de exemplares já haviam sido vendidos ao preço de 3 francos por unidade, preço que, segundo consta, ele achou inicialmente caro, mas foi convencido por madame Dentu de que estava de acordo com o mercado.

O título original do livro

"Religião dos Espíritos” — fora prudentemente modificado pelo codificador para “O Livro dos Espíritos”, primeiramente porque ele temia que a censura implicasse com o primeiro nome e também para que o leitor identificasse na obra um livro escrito pelos espíritos. Na noite do dia 18 de abril de 1857, em que foi lançado "O Livro dos Espíritos", madame Rivail (Amélie-Gabrielle de Lacombe Boudet Rivail) — Gaby na intimidade — já se houvera recolhido aos aposentos do casal. Kardec, entretanto, foi para o escritório de sua residência e sentou-se à escrivaninha de carvalho, sob a luz bruxuleante de uma vela. Pegou seu caderno de memórias e anotou, conforme o relato de Canuto Abreu: “Mais de cem exemplares de "O Livro dos Espíritos" já se foram neste primeiro dia, doados ou vendidos. Cada volume será um grão de vida nova lançado ao coração de um homem velho. Se algumas sementes caírem em corações maduros, haverá, por certo, gloriosas ressurreições. Mil e duzentas sementes da verdade serão lançadas no terreno da opinião. Se uma só frondejar, nosso esforço não terá sido em vão." E conclui o codificador, segundo a confiável informação histórica do confrade paulista: “O livro de hoje não é senão a primeira página da religião do futuro. À medida que o meio e o desenvolvimento da ideia nova o permitam, operar-se-á lentamente lutando com adversidades poderosas, pisada aqui, adulterada acolá, esmagada num ponto, ressuscitada noutro, criticada por muitos, defendida por poucos, atraiçoada dentro de seus próprios muros pelos fracos a serviço das trevas”. Nascia, assim,  a Doutrina Espírita, uma nova luz para a humanidade. Com Jesus e por Jesus!


(*) Os dados  pessoais, os traços e a personalidade de Kardec são descritos pelo "O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária": era filho de Jeanne Hippolyte e de Jean-Baptiste Antoine Rivail, um advogado e respeitável juiz do tribunal da cidade de Lyon, onde nasceu em 3 de outubro de 1804, em plena era napoleônica. “De cultura acima do normal nos homens ilustres de sua idade e do seu tempo, impôs-se ao geral respeito desde moço. Temperamento infenso à fantasia, sem instinto poético nem romanesco, todo inclinado ao método, à ordem, à disciplina mental, praticava, na palavra escrita ou falada, a precisão, a nitidez, a simplicidade, dentro dum vernáculo perfeito, escoimado de redundâncias (...). Tinha o rosto sempre pálido, chupado, de zigomas salientes e pele sardenta, castigada de rugas e verrugas. Fronte vertical comprida e larga, arredondada ao alto, erguida sobre arcadas orbitárias proeminentes, com sobrancelhas abundantes e castanhas. Olhos pequenos e afundados, com olheiras e pápulas. Nariz grande. Bigode rarefeito, aparados à borda do lábio, quase todo branco. Semblante severo quando estudava ou magnetizava, mas cheio de vivacidade amena e sedutora quando ensinava ou palestrava. O que nele mais impressionava era o olhar estranho e misterioso, cativante pela brandura das pupilas pardas, autoritário pela penetração a fundo na alma do interlocutor. O que mais personalidade lhe dava era a voz, clara e firme, de tonalidade agradável e oracional. Sua gesticulação era sóbria, educada. Mantinha rigorosa etiqueta social diante das damas. Sua única joia: uma aliança de ouro com auréola de prata”.

(**) No mês de setembro de 1861, o escritor e editor Maurice Lachâtre, refugiado, por perseguição da Igreja, em Barcelona, na Espanha, onde tinha uma livraria, solicitou a Kardec três centenas de livros espíritas, inclusive "O Livro dos Espíritos". A remessa, logo que chegou a seu destino, foi totalmente apreendida por um auto de fé assinado pelo bispo local, Antônio Palauy Termens e, no dia 9 de outubro, os livros foram atirados a uma fogueira, em cumprimento a uma sentença ditada sob influência eclesiástica. Em 1 de maio de 1864, "O Livro dos Espíritos" foi lançado no temido Index Librorum Prohibitorum, índice dos livros censurados e proibidos pela Igreja Católica, criado em 1559 pela Sagrada Congregação da Inquisição para “prevenir a corrupção dos fiéis”. Ao lado de Kardec, figuraram nesse Index notáveis da Ciência e da Filosofia, como Rousseau, Montesquieu, Descartes, Copérnico, Galileu Galilei e tantos outros. O Index vigorou até 1966, quando o então Papa Paulo VI o extinguiu definitivamente.



Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Nuno Emanuel | In: http://www.jornaldosespiritos.com/2008/alem(3).htm"http://www.jornaldosespiritos.com/2008/alem(3).htm
12/04/2011
 


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